segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Curso CEDPAL


Uma satisfação poder participar deste encontro ...


Comunicado à imprensa
   
Terceira Escola de Verão em Ciências Criminais  95 participantes de 14 países da América Latina e da Europa – Recepção: segunda-feira, 14 de setembro de 2015, na Georg-August-Univesität de Göttingen 

Cerca de 95 juristas vinculados tanto ao estudo do direito como à prática judicial provenientes de 14 países da América Latina e da Europa serão convidados da Georg-August-Universität Göttingen, de 14 a 25 de setembro de 2015. Eles participarão da Terceira Escola de Verão em Ciências Criminais e Dogmática Penal alemã, que se conduzirá em línguas castelhana e portuguesa. O RiLG Prof. Dr. Dr. h.c. Kai Ambos, diretor do Centro de Estudos de Direito Penal e Processual Penal Latino-americano (CEDPAL), que organiza a Escola de Verão, dará as boas-vindas aos convidados na segunda-feira, 14 de setembro, às 9:30 h da manhã. O Escritório de Relações Internacionais fará uma apresentação panorâmica sobre a Universidade. Este ano, a coordenação da Escola de Verão está a cargo do Sr. John Zuluaga (LL.M.). Também para essa edição encontra-se assegurada a intervenção de reconhecidos penalistas e especialistas de disciplinas afins, tanto para as palestras como para outros módulos. Entre os diversos temas a tratar, encontram-se o Direitos Penais alemão, europeu e internacional, bem como questões jurídicas sobre o terrorismo. A conferência inaugural será proferida pelo Prof. em. Dr. Dr. h.c. mult. Günther Jakobs (Bonn) e a conferência de encerramento pelo Prof. em. Dr. Dr. h.c. mult. Claus Roxin (Munique). Após o grande sucesso da primeira e da segunda Escola de Verão, que ocorreram em setembro de 2011 e 2013, a terceira versão tem despertado um grande interesse: de 250 postulações (30 a mais que em 2013), foram selecionados 95 participantes, entre professores, jovens pesquisadores, juízes, membros do Ministério Público e advogados de toda América Latina, Espanha e Portugal.  

Nota aos editores Os jornalistas estão cordialmente convidados a obter informações para matérias sobre a Escola de Verão e a participar da recepção. O Prof. Ambos fará a saudação de boas-vindas na segunda-feira, 14 de setembro, às 9:30 h da manhã, no prédio ¨Theologicum¨, localizado na Platz der Göttinger Sieben 2, Auditorio T01, no piso inferior.   

Endereço para contato:  Prof. Dr. Dr. h.c. Kai Ambos  John Zuluaga (LL.M.)  Georg-August-Universität Göttingen  Faculdade de Direito Instituto de Ciências Criminais – Departamento de direito penal estrangeiro e internacional  Platz der Göttinger Sieben 5, 37073 Göttingen Telefone (0551) 39-7430 e -7834 E-Mail: kambos@gwdg.de; j.zuluagataborda@stud.uni-goettingen.de    Internet: www.department-ambos.uni-goettingen.de; http://cedpal.uni-goettingen.de/  

O metro e o abuso sexual ...

É o tipo de situação difícil de comentar ... como é possível tal absurdo!? A cidadã indo para o trabalho e tendo que enfrentar tamanha barbaridade.

Coletivos feministas fazem protesto contra abuso sexual no Metrô de SP

Manifestantes reivindicam seguranças mulheres e delegacia especializada. Grupo levou cartazes à estação República, onde funcionária foi estuprada.

Coletivos feministas se reuniram na estação República, das Linhas 3-Vermelha e 4-Amarela do Metrô na tarde desta segunda-feira (31) para protestar contra a violêcia e o assédio sexual no transporte público.
O grupo reivindica que mais seguranças mulheres, treinadas para lidar com a violência, sejam contratadas e que os demais funcionários sejam capacitados para  com casos de agressão sexual. As manifestantes também pedem a divulgação do número de abusos e a instalação de uma delegacia da mulher em uma estação do Metrô na região central da cidade.
Na estação onde foi realizado o protesto, uma funcionária foi estuprada dentro de um guichê de recarga do Bilhete Único, em abril deste ano. Segundo José Carlos Martinelli, diretor de contratos da Prodata, empresa que presta serviço de bilhetagem para o Metrô há quatro anos, a jovem foi surpreendida por assaltantes ao encerrar o expediente, por volta das 23h30.
Ela deixava a cabine, localizada na Rua do Arouche, quando um dos bandidos invadiu o local e a violentou. Ainda de acordo com Martinelli, os assaltantes destruíram as câmeras de segurança da cabine.
Vítimas
O SPTV ouviu mulheres que disseram que são constrangidas em diversos momentos enquanto estão no trem, principalmente nos horário de pico. A vendedora Erica Carolina da Silva informou que já sofreu abuso nos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). “A primeira sensação que eu tenho é um desconforto fora do comum, porque eu sei o que eu posso passar”, disse.
Ela disse ter sido abusada em uma manhã no final de julho. Erica desceu do ônibus e embarcou no trem. Na estação Barra Funda, o vagão encheu. “Eu comeceu a sentir uma movimentação estranha. Porém, tinha uma mãe com uma criança que se mexia muito. Então, na minha cabeça era a perna da criança e a mãe tentando segurar. Mas aí eu senti algo quente na minha calça”, contou.
Já a estudante Larissa do Nascimento Caetano conta que todos os passageiros chegaram a ver o assédio, mas ninguém ajudou. “Estava indo para a faculdade e pego um trem em Caieira às 6h. É um pouco cheio, mas consigo me movimentar. Tinha um moço que mora perto da minha casa e ele tava se encostando em mim”. Larissa contou que ficou incomodada e tentou sair de perto do homem. “Ele continuou atrás de mim. Aí uma outra moça viu e trocou de lugar comigo. Outro rapaz também viu e ninguém fez nada. Fiquei desesperada. Eu tremia. Fiquei nervosa”, disse.
No começo de abril, o Metrô lançou uma campanha “Você não está sozinha” contra o assédio sexual e divulgou um número de celular para os usuários poderem fazer denúncias. No final de julho, uma vítima ganhou ação na Justiça uma indenização de R$ 20 mil por assédio na Linha 1-Azul do Metrô.

Novamente o jeitinho, agora com a PEC dos Cartórios ... aprovada em 1º Turno!!!!!!!!

É um absurdo, mais ainda corre somente na Câmara, onde nos já sabemos que os absurdos ocorrem.

Em um cenário terrível, em que essa vergonha tenha acolhida também no Senado, a sua inconstitucionalidade é patente e os interinos podem ir arrumando as mochilas ... 

De qualquer forma, melhor já ficar atento ... o Supremo tem sido bastante rígido nos casos dos cartórios. Os TJs, em muitos casos, tem permitido e deixado os concursos de lado ... são vários os casos em que o CNJ aguarda o cumprimento de determinações sobre a realização de concurso.

Conheço casos em que cartório muito lucrativo está sob o controle de particulares sem qualquer concurso ... lamentável ... são aqueles mistérios ...

Matéria da Conjur:


PEC dos Cartórios é aprovada em primeiro turno pelo plenário da Câmara

A Proposta de Emenda Constitucional 471 foi aprovada pelo plenário da Câmara dos Deputados em primeiro turno com 333 votos favoráveis, 133 contrários e 6 abstenções. Conhecida como PEC dos Cartórios, a proposta quer efetivar interinos de cartórios extrajudiciais sem exigir concurso público. A PEC ainda passará por segundo turno de votação e ainda precisa ser analisada pelo Senado.
O artigo 236, parágrafo 3º da Constituição Federal, delimita que o exercício da atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não sendo permitido vacância de postos por mais de seis meses sem abertura de concurso público. Segundo dados de 2014 do Conselho Nacional de Justiça, a proposta vai beneficiar cerca de 4,5 mil pessoas com titularidade provisória, dentre os 13.785 cartórios existentes no Brasil.
Em 2009, o CNJ encaminhou ao Congresso Nacional nota técnica contra a aprovação da PEC 471. À época, o corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp, afirmou que a aprovação da PEC acarretaria retrocessos e favorecia aqueles que, “em ofensa ao artigo 236 da Constituição Federal, há anos se beneficiam indevidamente de serviço público remunerado pela população brasileira”.
Segundo o ministro Dipp, a PEC conflita com a Resolução 80/2009, editada pelo CNJ, que busca garantir os princípios constitucionais da moralidade pública, da impessoalidade e a forma republicana de governo, “de maneira que os Cartórios de Notas e de Registros sejam preenchidos por cidadãos devidamente aprovados em concursos públicos, e não por pessoas escolhidas por critérios subjetivos e muitas vezes nebulosos”.
Em 2012, o substitutivo elaborado pela comissão responsável por analisar a proposta na Câmara foi rejeitado pelo plenário da Casa. À época, faltaram 25 votos para que o substitutivo fosse aprovado e, após várias tentativas de votação, a PEC não votada. Na noite da aprovação (26/8), os deputados votaram o texto original da PEC, apresentado pelo deputado João Campos (PSDB-GO), porque o substitutivo havia sido rejeitado.
Deputados favoráveis à PEC argumentam que não é justo deixar desamparadas essas pessoas que são responsáveis pelas serventias há anos e que investiram recursos próprios.

Grave retrocesso
Em nota, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil classificou a aprovação em primeiro turno da PEC dos Cartórios como um grave retrocesso. "Não é possível que em pleno século XXI uma PEC que não atende aos vários princípios republicanos seja avalizada", diz o texto.

De acordo com a OAB, a proposta traz critérios que se assemelham a uma monarquia, ao manter a hereditariedade dos cartórios e eternizar direitos e privilégios de pessoas por causa de consanguinidade. "Não bastassem tais problemas, do ponto de vista legal a matéria é, inclusive, inconstitucional. Ela fere o direito daqueles que fizeram concurso público — conforme determina a Constituição — e aguardam o momento de assumirem suas vagas."
Na nota, a OAB pede que o Congresso não aprove a PEC e afirma que, caso seja aprovada, a proposta será questionada no Supremo Tribunal Federal. Com informações da Agência Brasil e da Assessoria de Imprensa da OAB.

sábado, 29 de agosto de 2015

O Brasil da corrupção e a delação premiada ...

A discussão em torno da delação premiada, no caso do Brasil, está restrita a cultura de se admitir a corrupção, o jeitinho, o benefício em detrimento do erário.

O corrupto que admite merece, moral e legalmente, um benefício, pois contribui com aquilo que realmente interessa: a proteção ao patrimônio do nosso humilde povo.

Aos advogados que repudiam a delação o futuro é negro, pois não poderão exercer sua profissão em nenhum país sério deste planeta. Mas o Direito possui tantos ramos ... 

O delator pode seguir mentindo e prejudicando seus pares no meio social, mas não pode abrir o jogo criminoso em desfavor de outros criminosos. Interessante essa tese ... se a moral não interessa ao Direito - concordo -, qual a mácula do instituto?

Matéria do G1:

Sérgio Moro defende a delação premiada: 'é traição entre criminosos'

Juiz disse que 'regra' é apurar denúncia para encontrar provas.Responsável pela Operação Lava Jato participou de seminário em SP.

O juiz Sérgio Moro, responsável pela condução da Operação Lava a Jato, defendeu neste sábado (29) a delação premiada. Ele participou de um seminário na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Jabaquara, Zona Sul de São Paulo.
OPERAÇÃO LAVA JATOPF investiga esquema de corrupção
"Às vezes, as únicas pessoas que podem servir como testemunhas de crimes são os próprios criminosos", afirmou. "É traição? É traição, mas é uma traição entre criminosos. Não se está traindo a Inconfidência Mineira, não se está traindo Resistência Francesa."

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A delação premiada é um acordo firmado com o Ministério Público e a Polícia Federal pelo qual o réu ou suspeito de cometer crimes se compromete a colaborar com as investigações e denunciar os integrantes da organização criminosa em troca de benefícios, como redução da pena. Essa colaboração está prevista na lei 12.805, de 5 de agosto de 2013.

Moro disse neste sábado que a delação ou colaboração premiada enfrenta preconceitos no Brasil, a ponto de muitos escritórios de advocacia não fazerem esse tipo de acordo, alegando questões éticas. Para ele, no entanto, a delação serve para apurar casos corrupção.


O juiz citou casos em que a delação premiada colaborou na resolução de crimes nos Estados Unidos e na Itália. Como exemplo, falou da Operação Mãos Limpas, levada a cabo nos anos 1990 na Itália para expor uma rede de corrupção que dominava a vida política e econônica do país. 

"Então, uma das regras – e esta é uma regra muito importante na colaboração premiada – é que tudo que o colaborador disser precisa encontrar prova de corroboração. Tudo tem de ser checado e tem de ser colhido", delcarou. 

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Ainda sobre o TCU bonzinho ...


Matéria do Blog do jornalista Matheus Leitão, com a opinião do MPC junto ao TCU ...


Procurador no TCU avalia novo prazo como 'vitória parcial' do governo

O Ministério Público de Contas avaliou como uma "vitória parcial” do governo federal o prazo de 15 dias dado nesta quarta-feita (12) para que a presidente Dilma Rousseff apresente novos esclarecimentos sobre as contas do governo federal em 2014. 

"Não vejo como vitória total do governo, mas parcial. Se por um lado dá um respiratório, por outro as questões de agora são as mais espinhosas a serem respondidas. Tem dois lados. Um positivo e outro negativo”, afirmou ao Blog o procurador Júlio Marcelo Oliveira, que representa o Ministério Público no Tribunal de Contas da União (TCU).

O procurador explicou quais são os questionamentos a serem respondidos. No começo de 2014, o governo editou um decreto de programação financeira e contigenciamento ignorando dados oficiais aos quais  tinha ciência, segundo o Ministério Público.


Esses números, de acordo com Júlio Marcelo Oliveira, deveriam ser considerados obrigatoriamente para que o governo atingisse a meta fiscal estabelecida em lei e prevista para o fim do mesmo ano. 

Para que atinja a meta, a lei estabelece que a, cada dois meses, o governo edite decretos de programação financeira e contigenciamento informando o que está arrecadando e, a partir daí, dizer como pretende fazer os seus gastos, bloqueando ou não determinada despesa. 

"É por meio desse mecanismo previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal que o governo tem de trazer realismo para a situação financeira e fiscal do país. Na hora que faz o orçamento, o governo não é realista, estima que o PIB [Produto Interno Bruto] vai crescer 5%, por exemplo, ou que vamos poder construir estádios e hospitais para atender as demandas políticas da sociedade”, explica Oliveira.

Entretanto, é exigido por lei que o governo tenha um comportamento fiel em relação à despesa e à receita. "O que o governo fez em 2014? Ignorou dados oficiais que o obrigariam a fazer um contingenciamento maior do que aquele realizado. Havia despesas que ele não queria bloquear, como o Fies ou o Pronatec”, afirma o procurador. 

"Como não queria contingencia-los em ano eleitoral, mas ampliá-los, resolveu ignorar os dados. Nós classificamos o decreto de fevereiro como uma fraude. Editou com uma programação financeira irreal sabendo que ela era irreal. Considero gravíssimo porque o governante não pode mentir em um documento oficial”, explicou o procurador. Segundo ele, este é o lado orçamentário das chamadas "pedaladas fiscais".

Um segundo questionamento ainda será respondido no novo prazo de 15 dias. Segundo o Ministério Público de Contas, no fim de 2014, a presidente Dilma Rousseff editou decretos adicionais extraordinários no Orçamento, que, de acordo com o procurador, ela não poderia fazer dessa forma, mas somente após aprovação do Congresso Nacional. 

Oliveira reclama que enviou o pedido de esclarecimentos sobre os dois casos no dia 17 de junho para o relator do processo no TCU, ministro Augusto Nardes. O ministro enviou à Advocacia Geral da União (AGU) apenas para que o governo tomasse ciência, sem a necessidade de uma resposta. Novo pedido, então, foi realizado no dia 3 de julho. Só nesta quarta (12) o governo passa a ter de responder oficialmente a essas perguntas. 

“O tribunal já está atrasado porque a Constituição dá um prazo de 60 dias para a Corte analisar as contas após recebê-las. Por isso, se espera que a mesma seja o mais diligente e célere possível. Não que fique demorando a resolver algo que já poderia ter sido deliberado. É a oportunidade necessária que o governo tem para justificar dois fatos gravíssimos apontados pelo Ministério Público. Antes tarde do que nunca. O TCU não poderia concluir o seu julgamento sem analisar essas irregularidades”, afirmou o procurador ao Blog



Matheus Leitão

SOBRE A PÁGINA
Jornalista há 15 anos, em sua carreira passou pelas redações do Correio Braziliense, revista Época, portal iG e Folha de S.Paulo, onde trabalhou nas áreas de política, meio ambiente, direitos humanos e investigação. Matheus recebeu o Prêmio Esso por duas vezes, o Troféu Barbosa Lima Sobrinho -- além de menção honrosa no Vladimir Herzog. Entre 2011 e 2012, esteve na Universidade de Berkeley, na California, como Visiting Scholar. Em sua carreira, deu furos como o vídeo do ex-governador José Roberto Arruda recebendo dinheiro não declarado, os passaportes diplomáticos concedidos irregularmente para filhos e netos do ex-presidente Lula, a história do hacker que invadiu emails da presidente Dilma Rousseff, o caso Zoghbi e a saga A Espera, no formato self-journalism. twitter.com/Mleitaonetto

E o TCU vai dar um tempinho, uma ajudinha no caso das pedaladas ...

Lamentável o comportamento da Corte de Contas. Em uma da poucas oportunidades de mostrar algum motivo para sua existência, o TCU opta por tranquilizar as coisas para o governo, depois de acusar a presidente de grave irregularidades nas contas da União. 

Matéria da Folha:

TCU fará novos questionamentos sobre contas, e Dilma ganha tempo


O TCU (Tribunal de Contas da União) vai fazer novos questionamentos ao governo sobre os gastos de 2014 dentro do processo que analisa a regularidade das contas de gestão da presidente Dilma Rousseff.
A decisão será tomada na sessão da tarde desta quarta-feira (12). O ministro Augusto Nardes, relator do processo de contas, encaminhará a solicitação de novos esclarecimentos, abrindo assim um prazo de defesa maior para a presidente. O prazo, que pode ser de até 30 dias, ainda não está decidido.
Com isso, a previsão de que o processo de contas tivesse sua análise no TCU encerrada até o início de setembro não deverá se concretizar, ajudando o governo, que ganhará mais tempo para evitar que o parecer do tribunal possa ser usado para um eventual início de processo de impeachment contra a presidente na Câmara dos Deputados.
Em junho, o TCU começou a votação do processo de contas anual de Dilma, mas o relator considerou que, devido a várias irregularidades constatadas pelo órgão, eram necessários novos esclarecimentos do governo.
A tendência, na época, era que as contas fossem rejeitadas devido às chamadas "pedaladas fiscais", manobras do governo para adiar pagamentos sem registrá-los como dívidas e usar bancos públicos para cobrir o rombo. O governo já respondeu ao TCU, alegando que as manobras com os gastos públicos são realizadas há muitos anos e que não as considera ilegais.
Entre os esclarecimentos que serão pedidos ao governo no novo documento a ser aprovado nesta quarta estão pontos que o procurador do TCU Júlio Marcelo de Oliveira questionou antes da votação das contas e que não foram encaminhados no primeiro pedido do relator Augusto Nardes, conforme a Folha mostrou em julho.
A comissão de Fiscalização e Controle do Senado também pediu ao relator que os pontos apontados pelo procurador fossem esclarecidos pelo governo.
O procurador aponta que o governo já sabia que teria que cortar despesas e, mesmo assim, não fez o bloqueio do orçamento, o que contraria a lei orçamentária

terça-feira, 11 de agosto de 2015

O concursos precisam mudar? Os métodos atuais garantem os melhores para os encargos públicos?



Matéria do CorreioWeb de hoje:


Autor de estudo sobre concursos critica modelo brasileiro e propõe mudança radical

O professor e pesquisador Fernando Fontainha defende que, atualmente, o governo não escolhe os melhores profissionais do mercado

Fernando Fontainha é professor e pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ) e doutor em ciência política pela Université de Montpellier 1 (UM1), na França. No Brasil, o acadêmico critica o atual modelo adotado pelo país para seleção de servidores públicos – principalmente, as provas de múltipla escolha e as taxas de inscrição – e defende que, atualmente, o governo não recruta os melhores profissionais do mercado. Autor do estudo “Processos seletivos para a contratação de servidores públicos: Brasil, o país dos concursos?”, Fontainha conversou com o Correio sobre a radical mudança que ele propõe para dissolver a cultura brasileira do “concurseiro profissional”. 

O que o senhor acha do modelo atual de contratação de servidores públicos?
Trata-se de um modelo fundado numa cultura do patrimonialismo e do clientelismo. No entanto, ele não é apenas um produto desta cultura, ele é, reflexivamente, algo que a ela dá forte impulso. Em suma, nosso modelo de seleção de servidores é focado na figura do chamado "concurseiro", e seu rol de garantias face o Estado. O principal objetivo dos concursos, que é angariar os melhores recursos humanos para a prestação de serviços públicos, é hoje um coadjuvante no modelo.

Qual o perfil do profissional selecionado, atualmente, por meio de concursos públicos no Brasil?
O "concurseiro" profissional. O Estado brasileiro hoje recruta servidores especializados em responder a questões de múltipla escolha, e em técnicas de adaptação às expectativas de uma banca examinadora. Estas competências não são em si desprezíveis, muito embora se tenha dificuldades de imaginar um setor da administração pública onde elas possam ser úteis. O quadro se agrava ainda mais pelo fato de haver pouca ou nenhuma formação inicial.

O que, exatamente, você propõe para melhorar esse sistema?
No estudo que coordenei (disponível aqui) tomamos a liberdade de sugerir algumas mudanças. As mais significativas seriam: extinção da taxa de inscrição, proibição de provas de múltipla escolha, a realização de provas práticas, a integração entre estágio probatório e formação inicial como etapa final da seleção, e a criação de uma empresa pública que teria o monopólio da organização dos certames.

Se você tem uma vaga de emprego de atendimento ao publico, o ideal é que você contrate alguém com essa experiência. Um atendente de supermercado com cinco anos de experiência será uma melhor escolha para trabalhar com atendimento no INSS do que alguém que só estudou para passar no concurso. Porque ela, provavelmente, tem uma noção melhor de como lidar com o público. Imagina recrutar um médico por meio de uma prova de múltipla escolha quando ele, na verdade, vai fazer uma cirurgia cardíaca?


Nosso estudo usou o modelo francês não como referência para nós, mas como ponto de partida para estranharmos nosso modelo. Por lá não existe taxa de inscrição, bem como é vedado que um candidato que reprovou várias vezes volte a concorrer. Isso nos ajudou a estranhar um modelo onde se cobram taxas elevadas para que um cidadão concorra a um cargo público, e não haja quaisquer limites ao número de vezes que alguém pode se apresentar a cada concurso. Aliás, bom "concurseiro" faz prova quase todo domingo.

Posso citar melhor o exemplo da França, porque foi onde fiz a pesquisa. Mas existem vários outros países com modelos diferentes. Os Estados Unidos são um caso interessante, porque têm a prática da agregação contínua. Na polícia dos EUA, por exemplo, demora anos antes do funcionário se tornar realmente estável. As provas ocorrem ao longo da carreira, existe uma academia e, além disso, o funcionário passa por uma série de estágios. A cultura lá é de uma formação ao longo do tempo. Não só uma prova e depois você está dentro. A Alemanha também adota esse modelo de agregação a longo prazo.

No Brasil, a disparidade de prerrogativas e salários que existe na administração pública é terrível. Essa escadinha louca, em que o funcionário faz vários concursos, é exatamente por conta da diferença colossal que existe entre vários cargos que exigem os mesmos requisitos. Aqui, dois cargos de nível superior, com a mesma jornada de trabalho, podem ter salários completamente diferentes. Por isso, à vezes, muitos passam para um cargo, mas continua fazendo concurso. Em outros países isso é muito mais racionalizado. 

Por que você é contra as taxas de inscrição em concursos?
A taxa de inscrição, dentre outros males, além de não dissuadir os ditos "aventureiros", privatiza a relação e a experiência dos candidatos com o serviço público. E mais: nosso estudo quantificou que, a partir da relação entre a taxa de inscrição e o salário inicial oferecido, é produzida seleção adversa em desfavor dos cargos menos remunerados.

Como o modelo atual favorece a indústria de concursos?
Principalmente através deste ciclo vicioso que combina a taxa de inscrição com a ilimitação de "tentativas". Isto do ponto de vista do mercado da organização dos concursos. Um mercado maior ainda, o da preparação, ou dos "cursinhos", tem sua força extraída do que chamamos autocentralidade dos concursos, marca maior da "ideologia concurseira". As competências necessárias para passar em concursos não são ensinadas nem nas escolas e universidades, e tampouco em escolas profissionais de Estado. O saber especializado que serve aos concurseiros é hoje de monopólio dos "cursinhos", que ensinam basicamente como se adaptar às "formas" de seleção, porém crendo ensinar "conteúdos" ligados às áreas do saber postuladas nas ementas dos diferentes editais.

A prova prática e a valorização da experiência como pré-requisitos quebra o mercado de cursinhos. Porque se você está trabalhando, não tem tempo para cursinho. O modelo que proponho não é nada elitista, pelo contrário, ele daria oportunidade para aqueles que não podem se dedicar exclusivamente aos estudos. No Brasil, alguns concursos já exigem essa experiência prévia. Então não seria uma grande novidade. É o caso de concursos para a magistratura. Eles pedem, no mínimo, três anos de atividades jurídicas para o candidato.

As audiências de custódias e o TJTO ...


Já fiz muitos comentário sobre o tema desta matéria. Irei escrever mais sobre o tema mais a frente.

Por enquanto vamos ver como as coisas andam ...

Audiência de Custódia reflete harmonia entre poderes, diz Lewandowski

O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, destacou, na segunda-feira (10/8), que o país só tem a ganhar com a observância dos princípios constitucionais da harmonia e da independência entre os poderes. Ele esteve em Palmas para acompanhar a realização da primeira audiência de custódia no Estado do Tocantins, que levou um detento à presença do juiz em menos de 24 horas após sua prisão em flagrante, como determinam tratados internacionais ratificados pelo Brasil.
Na opinião do ministro, o ato só foi possível graças à harmonia entre o Judiciário do Tocantins e o governo do estado, com a mobilização dos órgãos de Segurança Pública para cumprir o prazo de apresentação dos presos à Justiça. Ele acrescentou que, a exemplo do verificado no Tocantins, o cumprimento dos referidos princípios constitucionais é um dever a ser observado em todo o país.
“Se não houver harmonia entre os poderes, o país estará vivendo uma situação de inconstitucionalidade. Portanto, independência e harmonia são dois polos importantes de uma mesma equação”, afirmou o ministro, durante solenidade de adesão do estado do Tocantins ao projeto Audiência de Custódia, criado pelo CNJ e executado por meio de parceria entre os Tribunais de Justiça e os governos estaduais.
A adesão do Tocantins ao projeto foi formalizada pela assinatura de dois documentos. O primeiro foi um termo de adesão do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (TJ-TO) ao Termo de Cooperação firmado entre o CNJ, o Ministério da Justiça e o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), para regulamentação do projeto em escala nacional. O segundo documento foi um Termo de Cooperação Técnica entre o TJ-TO, o Ministério Público estadual, a Defensoria Pública do estado e a seccional do Tocantins da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/TO), voltado para a implantação do projeto em nível local.
Além do ministro, a solenidade contou com a presença do presidente do TJ-TO, desembargador Ronaldo Eurípedes, do governador do Tocantins, Marcelo Miranda, e outras autoridades.
Na primeira audiência de custódia, um homem acusado de ameaça recebeu o direito de responder ao processo em liberdade. Além de ser acusado de um crime de baixo potencial ofensivo, ele trabalha, tem endereço fixo e não possui antecedentes criminais.
O ministro Lewandowski, após acompanhar a audiência de custódia, falou com os jornalistas. Segundo ele, um dos principais objetivos do projeto do CNJ é evitar a longa permanência na prisão de pessoas sem condenação. Segundo ele, muitos presos provisórios (ainda não julgados) estão sujeitos à violência, a abusos e ainda podem ser arregimentados pelas facções criminosas que, de dentro dos presídios, comandam atos criminosos cometidos contra a população.
O ministro acrescentou que, além de garantir a dignidade da pessoa humana, o projeto do CNJ permite aos estados reduzir os gastos com a custódia dos presos. Isso porque, com a realização das audiências de custódia, o encarceramento fica reservado aos que cometem crimes violentos e representam ameaça à sociedade.
Nos estados onde o projeto foi lançado, o índice médio de autorizações para presos em flagrante responderem a processos em liberdade é da ordem de 50%. Essas pessoas são acusadas de delitos de baixo potencial ofensivo (a maioria é furto), têm endereço fixo e não possuem antecedentes criminais.
Fonte: CNJ

Fim do Exame de Ordem, a quem interessa esse absurdo??

Não consigo pensar em nenhum motivo para que o Exame de Ordem deixe de ser exigido. Ao contrário, o exame valoriza o profissional e a Ordem.

Matéria da Conjur:


No Dia do Advogado, relator apresenta parecer pelo fim do Exame de Ordem

O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) apresentou nesta terça-feira (11/8), à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara, parecer favorável a seis projetos de lei que eliminam a necessidade do Exame de Ordem para o exercício da advocacia.
“Não há porque continuar existindo apenas para a Ordem dos Advogados do Brasil um privilégio ilegítimo, inconstitucional e absurdo, que encontrava justificativa na mentalidade do Império, de onde se originou”, afirma no documento. Para ele, a obrigatoriedade da prova viola o Estado Democrático de Direito, “pois afirma que a Ordem está acima das demais associações ou representações de classe, expressando privilégio odioso e que deve ser erradicado de nosso meio”.
O deputado disse ter analisado manifestações de uma série de bacharéis em Direito de todo o Brasil, além de lideranças políticas, estudantes, entidades e até familiares de bacharéis que se esforçaram para formar os filhos e não conseguiram passar no exame.
Barros apontou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,  já se declarou contra a obrigatoriedade da prova, por entender que a restrição de acesso à profissão “atinge o núcleo essencial do direito fundamental à liberdade de trabalho, ofício ou profissão, consagrado pela Constituição”. A tese foi abordada em parecer de uma ação que tramita no Supremo Tribunal Federal. No caso, o STF declarou que o exame é constitucional.
Os projetos aprovados pelo relator são: 2.154/2011, 5.801/2005, 7.553/2006, 2.195/2007, 2.426/2007 e 2.154/2011. As propostas tramitam em caráter conclusivo e serão analisadas pela CCJ. Se o relatório for aprovado, a matéria vai seguir direto para o Senado.
O fim do exame também é apoiado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que já tentou inserir mudanças em ao menos duas ocasiões: em 2003, ele incluiu uma emenda na medida provisória que criou o programa Mais Médicos; em 2014, incluiu o fim da taxa de inscrição no Exame de Ordem no relatório de outra medida provisória que mudava questões tributárias e contábeis.
A posição do relator do projeto e do presidente da Casa, no entanto, nada tem de unânime. Ainda nesta terça-feira (11/8), em sessão solene em homenagem ao Dia do Advogado, o deputado Alexandre Baldy (PSDB-GO) afirmou que lutará "em favor da advocacia na aprovação de projetos como tornar obrigatório o Exame de Ordem para todos os que quiserem se inscrever como advogado". O tucano disse que a prova é "importantíssima para garantir à sociedade profissionais qualificados,  conhecedores do dispositivo legal para defender o cidadão e não lesá-los".
O parlamentar Marcus Vicenti (PP-ES) também garantiu que seu partido e os mais de 120 advogados que são deputados vão se empenhar pela manutenção do Exame da Ordem. "Queremos profissionais preparados, que possam constituir-se verdadeiramente como a voz do cidadão, como face da justiça plena na luta pela igualdade social", disse. Com informações da Agência Câmara Notícias.
Clique aqui para ler o relatório.
*Texto alterado às 1958 do dia 11 de agosto de 2015 para acréscimos.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Artigos Mensalão ...

Dois artigos excelentes. O primeiro do promotor e professor Eneas Carneiro, doutorando na Universidade de Gotting e o outro do professor doutor Rogério Greco ....

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Estágio TRT 10º - Palmas

Atenção Acadêmicos!
Segue informação da Coordenação de Assuntos Estudantis e Registros, sobre processo seletivo para estágio no TRIBUNAL REGIONAL DE TRABALHO da 10ª região:
PROCESSO SELETIVO PARA ESTÁGIO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 10ª REGIÃO

Características do Processo Seletivo

Cursos:

Nível Médio: Ensino Médio

Nível Superior: Administração, Direito e Sistema de Informação

Região/Localidade:

Palmas / Tocantins

Período de Inscrição:

30 de Julho de 2015 à 09 de Agosto de 2015

Procedimentos para Inscrições:

O candidato deverá acessar o Portal do CIEE - www.ciee.org.br, clicar no acesso “ESTUDANTES”, localizar na lista de “PROCESSOS SELETIVOS” o logotipo do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região e clicar neste link.

Estarão disponíveis o Edital e o Formulário para preenchimento da Inscrição.

Após o preenchimento, ficará disponível para impressão o comprovante de inscrição.

O candidato deverá acessar o sitio do CIEE – www.ciee.org.br, a partir do dia 17 de Agosto de 2015, para verificar o local e horário da realização da prova.


Requisitos:

Estudantes de nível médio com 16 anos completos e devem estar cursando o 1º ou 2º ano do ensino médio regular ou etapa do EJA equivalente;

Estudantes de nível superior cursando os seguintes semestres:
  • Administração – Do 02º ao 05º Semestre
  • Direito – Do 04º ao 07º Semestre
  • Sistema de Informação – Do 02º ao 07º Semestre

Benefícios:

  • Bolsa-auxílio Nível Médio: 20h/semanais – R$ 490,00 – 30 h/semanais – R$ 735,00
  • Bolsa-auxílio Nível Superior: 20h/semanais – R$ 720,00 – 30h/semanais – R$ 1.080,00
  • Auxílio-transporte no valor de R$ 6,00 (seis reais) por dia útil de estágio

Carga-Horária:
20 horas semanais ou 30 horas semanais
Fases do
Processo Seletivo:

Primeira fase: Inscrição on-line via Portal CIEE.
Segunda fase: Prova Objetiva de Múltipla Escolha.

TC e o Controle Externo, necessidade de mudanças ...


O controle externo é algo fundamental no Estado Democrático de Direito, mas como bem analisa o autor, ou sua estrutura muda, ou perderá espaço ...

Conjur de hoje:

Composição de tribunal de contas não pode ser refém da política


O controle das contas públicas está na moda: o Tribunal de Contas da União domina as rodas de conversa, rendendo assunto e criando expectativas como se fosse jogo de futebol entre Brasil e Alemanha. O assunto caiu na boca do povo sob a alcunha de “pedalada”, apelido carinhoso dado ao drible no orçamento público e nas regras de responsabilidade fiscal[1]
Nada como uma crise política e econômica para nos despertar para a importância de fiscalizar a adequação dos escassos recursos públicos às crescentes necessidades sociais. O despertar tardio desafia a cultura enraizada que nos acostumou a pensar que recursos públicos são infinitos e não têm dono; logo, ninguém se interessaria pelo seu desperdício e desvio.
O controle externo da atividade financeira do Estado é essencial para a manutenção do equilíbrio e independência dos poderes. Além disso, constitui requisito importante para a configuração do Estado Democrático de Direito por cometer aos representantes do povo a última palavra a respeito da fiscalização orçamentária, financeira, contábil, operacional e patrimonial dos recursos públicos.
Ruy Barbosa talvez não tenha imaginado que a instituição que ajudou a criar há mais de um século estaria nas manchetes dos jornais e no gosto dos cidadãos. Na proposta de criação do Tribunal de Contas, eternizou sua motivação:
"É, entre nós, o sistema de contabilidade orçamentária defeituoso no seu mecanismo e fraco na sua execução. O Governo Provisório reconheceu a urgência inevitável de reorganizá-lo; e acredita haver lançado os fundamentos para essa reforma radical com a criação de um Tribunal de Contas, corpo de magistratura intermediária à administração e à legislatura, que, colocado em posição autônoma, com atribuições de revisão e julgamento, cercado de garantias contra quaisquer ameaças, possa exercer as suas funções vitais no organismo constitucional, sem risco de converter-se em instituição de ornato aparatoso e inútil. Não basta julgar a administração, denunciar o excesso cometido, colher a exorbitância ou prevaricação, para as punir. Circunscrita a esses limites, essa função tutelar dos dinheiros públicos será muitas vezes inútil, por omissa, tardia ou impotente. Convém levantar entre o poder que autoriza periodicamente a despesa e o poder que quotidianamente a executa um mediador independente, auxiliar de um outro, que, comunicando com a legislatura e intervindo na administração, seja não só o vigia como a mão forte da primeira sobre a segunda, obstando a perpetuação das infrações orçamentárias por um veto oportuno aos atos do Executivo, que direta e indireta, próxima ou remotamente, discrepem da linha rigorosa das leis e finanças” (destaquei).
Dentre os muitos e admirados predicados de Ruy Barbosa, uma das mentes mais brilhantes de nossa história, não consta que teria sido também profeta.
Mas a história do TCU começa oficialmente no ano de sua instituição, 1893, em razão do empenho de Serzedello Corrêa, Ministro da Fazenda do governo de Floriano Peixoto. Depois da criação, seguiu-se um prévia do que poderia ocorrer doravante: “Logo após sua instalação, porém, o Tribunal de Contas considerou ilegal a nomeação, feita pelo Presidente Floriano Peixoto, de um parente do ex-presidente Deodoro da Fonseca. Inconformado com a decisão do Tribunal, Floriano Peixoto mandou redigir decretos que retiravam do TCU a competência para impugnar despesas consideradas ilegais. O ministro da Fazenda Serzedello Correa, não concordando com a posição do Presidente demitiu-se do cargo”[2].
Dando um longo salto para os dias atuais, convém reconhecer que Constituição de 1988 outorgou especial dignidade ao Tribunal de Contas, conferindo-lhe atribuições e garantias que por pouco não o equipararam aos poderes do Estado. Para além de relevantes competências próprias, exercidas sem qualquer grau de subalternidade a quem quer que seja, talvez a mais relevante atribuição do Tribunal de Contas seja auxiliar o controle externo titularizado pelo Legislativo, emitindo parecer prévio técnico sobre as contas do Poder Executivo. Em síntese, como se sabe, a análise técnica das contas é realizada pelo Tribunal de Contas e o julgamento feito pelo Legislativo.
O julgamento das contas é eminentemente político — não poderia ser diferente, por se tratar exatamente da avaliação do governo por intermédio de suas contas. Entretanto, a atuação do Tribunal de Contas é exclusivamente técnica. Envolve a avaliação do cumprimento das normas de contabilidade, o respeito às muitas regras do orçamento e das finanças públicas. A relevância dessa atribuição exige acurado rigor científico, elevado grau de conhecimento, experiência e formação (além de insuspeita) probidade para subsidiar o posterior julgamento das contas pelos representantes do povo. Por essa razão, o corpo técnico dos diversos Tribunais de Contas do país costuma ser altamente qualificado, sendo comumente requisitado para auxiliar inclusive o Ministério Público em determinadas situações.
Em razão da relevância dessas atribuições, os requisitos para os integrantes das Cortes de Contas são extremamente rígidos: idoneidade moral e reputação ilibada; notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados anteriormente. Percebe-se que esses requisitos são mais inclementes do que os exigidos dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que devem possuir somente notável saber jurídico e reputação ilibada.
Talvez não exista qualquer reparo a ser feito no tocante aos atributos exigidos de ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas, a Constituição talvez tenha até sido muito rígida. Só falta cumprir a Constituição.
Todos os requisitos exigidos são passíveis de aferição objetiva. Em especial, a notoriedade impõe que os conhecimentos referidos devem ser manifestos, incontestes, não bastando simples diplomação, mas sim um reconhecimento patente e indiscutível por parte de todos, especialmente pelos que atuam em ramo pertinente à referida matéria. Em feito no qual se discutia a indicação de Conselheiro para o TCE-TO, o saudoso ministro Paulo Brossard anotou em seu voto que “deve haver um mínimo de pertinência entre as qualidades intelectuais dos nomeados e o ofício a desempenhar. Podem eles ser pessoas excelentes, mas nada indica que tenham a qualificação mínima para o desempenho dos cargos para os quais foram contemplados”[3].
A composição dos Tribunais de Contas, por seu turno, obedece a lógica própria: mescla entre indicações do Legislativo e Executivo. Ao contrário do que ocorre com os Tribunais Judiciários, nos quais o chamado “quinto constitucional” contempla um quinto de membros oriundos do Ministério Público e da OAB, nos Tribunais de Contas existe o quinto às avessas: nos Estados, dentre os sete integrantes apenas dois são oriundos de carreiras públicas providas inicialmente por concurso (Ministério Público de Contas e Auditores), sendo cinco livremente indicados.
O resultado da soma da inobservância dos requisitos constitucionais com as regras da composição é a preponderância da influência política sobre o rigorismo técnico. Uma breve olhada na composição das Cortes comprova a predominância de ex-agentes políticos que, se tiverem os conhecimentos exigidos, dificilmente terão a neutralidade necessária.
Reportagem recente do jornal Folha de S.Paulo divulgou que, nos últimos anos, apenas três governadores tiveram suas contas rejeitadas pelos Tribunais de Contas. De duas, uma: ou os Estados estão sendo administrados com excelência, ou o controle externo está fazendo o juízo político que, de acordo com a Constituição, cabe ao Legislativo.
Não há razão para a predominância política na “magistratura intermediária”, pois as atribuições são eminentemente técnicas. É possível discutir bastante sobre qual seria a composição ideal (a PEC 329/2013, da Câmara Dos Deputados, traz proposta interessante) mas é difícil não reconhecer que o modelo atual é inadequado.
A sociedade estará atenta ao placar da decisão do TCU. De qualquer forma, não façamos de Ruy Barbosa um profeta: para que os Tribunais de Contas não se convertam em instituições de ornato aparatoso e inútil, é hora de colocar na moda a mudança de sua composição.
[1] A esse propósito, confira-se este excelente artigo de José Maurício Conti.
[2] Fonte: site oficial do Tribunal de Contas da União.
[3] RE 167.137/TO, Rel. Min. Paulo Brossard (DJ 25.11.1994, pp. 32312.