sábado, 24 de janeiro de 2015

Punir é preciso ...

Um artigo que trata o tema crime organizado e a necessidade de punição de forma séria. Bem diferente daquela conversa fiada do artigo do vulgo Kakai ...

Conjur:


Humberto Espinola: Leis contra colarinho branco foram editadas na era Fernando Henrique

O aumento geral da criminalidade, especialmente em relação aos crimes cometidos com emprego de violência contra a pessoa – assassinatos, latrocínios, roubos, sequestros, etc.- apresenta um prontuário de ocorrências disseminadas nos mais variados pontos do País sem que haja a sua eficaz repressão, fomentando assim o sentimento geral de insegurança pública, com todas as suas consequências e reflexos na qualidade de vida e no cotidiano dos  brasileiros.
Ao mesmo tempo, e contrastando com essa iniquidade repressora, o cidadão brasileiro vem atualmente se deparando com um volume crescente de notícias sobre investigações bem sucedidas tendo por objeto os chamados “crimes de colarinho branco”. Dentre esses registros diários de apurações de atos delituosos - que muitas vezes têm sido chamados “malfeitos” - os mais impressionantes são os perpetrados contra o patrimônio de nossa maior  empresa pública, a Petrobras, envolvendo quantias financeiras fabulosas e indícios de participação de importantes figuras do mundo político e empresarial em conluio com agentes públicos de alto escalão, cujas tenebrosas transações se  apoiam na cumplicidade  promíscua de indivíduos  de baixa qualificação e poucos escrúpulos.
E aqui cabe um parêntese: tratar essas ações como “malfeitos” (ou mau feitos?) chega a ser uma aberração, posto que são crimes com todas as características pertinentes a essas condutas anti-sociais, envolvendo atos de planejamento e preparação que apontam o intuito inequívoco de formação de quadrilha, e cuja consumação rendeu satisfações financeiras aos seus autores.
De fato, os últimos anos registram um aumento espantoso no conhecimento da prática dos chamados “crimes de colarinho branco”, assim conhecidos por envolverem a participação de indivíduos de pelo menos razoável nível de instrução e/ou por terem como objeto a aquisição ilícita de bens ou capitais. Outras características importantes dos delitos dessa criminalidade: exigem sempre uma premeditação, com planejamento menos ou mais elaborado e uma operacionalidade menos ou mais complexa e sofisticada; essa premeditação inclui a avaliação da impunidade dos autores; têm quase sempre a participação de pelo menos duas pessoas em associação criminosa, ou são frutos do “crime organizado”; e costumam se utilizar de informação privilegiada ou do posicionamento profissional de um dos partícipes.
É de se destacar que os crimes de corrupção, prevaricação, fraude fiscal, “lavagem” de dinheiro ou de capitais e outros que compõem esse universo criminógeno, minam o patrimônio público e afetam a vida financeira e política da nação, além de seu efeito moral nocivo e seu péssimo exemplo para a coletividade. 
Ademais da notável evolução da circulação das informações e de sua democratização, que aportam um maior conhecimento desses fatos - graças à liberdade de imprensa, em especial o chamado “jornalismo investigativo”, e aos canais de redes sociais proporcionados pela internet - o registro dessas apurações está tendo uma maior exposição graças ao próprio êxito que elas alcançam.
Sucesso esse que demonstra a inegável vontade política de determinadas instituições públicas em bem e fielmente cumprir o seu dever, como é o caso do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Justiça Federal, juntos harmonicamente na apuração dos casos de evidentes desmandos praticados na Petrobras. É bem verdade que esses operadores da investigação criminal ganharam independência e autonomia de atuação a partir da Constituição de 1988, a ponto de dispensarem manifestações de apoio ou rejeição da parte de qualquer autoridade externa. Já se foi o tempo do “eu determino tal investigação”; hoje elas decorrem do simples cumprimento do dever legal de apurar situações ilícitas. 
Contudo, no Estado Democrático de Direito, a simples disposição e vontade política no cumprimento do dever e do exercício das atribuições não é suficiente para o desempenho dessas ações apuradoras, que se deparam com delitos muitas vezes de natureza complexa, cercados de obstáculos vários e de precauções para o seu encobrimento.  Inclusive essas atividades dos encarregados de situar um fato como crime e obter as provas de sua autoria podem vir a afetar a privacidade e outras liberdades individuais dos indivíduos investigados.
Por tudo isso, as atuações das instituições e agentes públicos nesse sentido exigem a presença de um ordenamento jurídico específico que as legitimem, pois somente devem executar o que está previsto em lei. Quer dizer, qualquer ação de apuração desenvolvida por um agente público só é legítima e válida se estiver prevista por alguma disposição legal.
É exatamente nesse campo do ordenamento jurídico específico que reside a maior contribuição para o aumento e sucesso das investigações criminais em comento. Isso graças a um conjunto de disposições legais que foram sendo editadas, instituindo novos tipos de condutas criminosas, criando novos mecanismos de investigação criminal (muitos decorrentes de avanços científicos e tecnológicos), definindo as atividades de investigação policial e seus limites, e circunscrevendo a participação da Polícia, do Ministério Público e do Juiz.
Sempre focados nos crimes envolvendo a Petrobras, vejamos, então, quais os principais diplomas legais que proporcionam essa contribuição, e que são, no nosso entender, os principais responsáveis pelo sucesso nas investigações desses crimes e de outros semelhantes.
Antes de abordar esses dispositivos legais e as novas contribuições por eles proporcionadas, cabe registrar algumas iniciativas precursoras e embrionárias na forma de uma série de projetos de lei reunidos no que foi chamado “Pacote contra a violência”. Com os objetivos de combater a violência, a criminalidade organizada e proporcionar a redução da impunidade, esse “pacote” teve a iniciativa do Poder Executivo e adveio em 1994, no final do período de governo do presidente Itamar Franco. Muitos desses projetos inspiraram a implementação de leis de grande importância para a repressão da criminalidade, inclusive algumas que serão objeto de comentários a seguir.
Primeiramente vale lembrar que a Lei 9.034, de 3 de maio de 1995, instituiu novos mecanismos de apuração das atividades crime organizado e do combate às organizações criminosas. Esse diploma legal, certamente por seu pioneirismo, não exteriorizou com felicidade a sua abordagem da criminalidade organizada, mas merece registro por suas boas intenções.
Já a Lei 9.296, de 24 de julho de 1996, regulamentando o inciso XII do artigo 5 da Constituição, regulamentou as interceptações de comunicações telefônicas e do fluxo de comunicações em sistemas de informática ou telemática para fins de investigação criminal ou instrução processual, sendo que o seu artigo 1o se destina a reprimir os abusos de sua prática, prevendo o crime de quebra do sigilo de dados.
 Assim, a escuta telefônica, e os registros dessas comunicações, o acesso aos dados computadorizados e telemáticos passaram a ser instrumentos legais para a descobertas de crimes e identificação de seus autores, logrando também a serem admitidos como meio de provas na instrução processual penal.
Mais um mecanismo proveitoso para essas apurações foi viabilizado pela Lei Complementar n. 105, de 10 de janeiro de 2001, que dispôs sobre o sigilo das instituições financeiras, disciplinando o que constitui ou não sigilo. Dentre as suas disposições, o artigo 1, parágrafo 4 autoriza a quebra do sigilo de informações de bancos e demais instituições financeiras para a apuração de vários tipos de crimes.
Destaque todo especial na investigação criminal para uma lei que também diz respeito à atividade financeira. Trata-se da Lei 9.613, de 3 de março de 1998, que trata dos crimes do que se denomina “lavagem” de dinheiro – qual seja, as “ações destinadas à ocultação de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal” - introduzindo importantes mecanismos de controle na atividade financeira nacional, sendo o principal deles a criação da Comissão de Controle das Atividades Financeiras/COAF. Os registros de atividades financeiras de elevado valor obtidos junto ao COAF foram de fundamental utilidade para as identificações das situações criminosas do “Caso Petrobras” e para a consequente apuração.  É de se registrar que a Lei 12.683/ 2012 proporciona o aperfeiçoamento de algumas de disposições dessa supracitada lei.
Outro mecanismo inovador, a chamada “delação premiada”, merece maiores comentários por ter crescido em importância prática, mesmo fundamental, nas recentes apurações dos crimes envolvendo a Petrobras.
Depois de uma presença tímida e limitada em algumas leis anteriores, cuja aplicação ficou dependente de regulamentação futura, a figura da “delação premiada” passou a ter viabilidade e aplicação para todos os crimes com a  Lei 9.087, editada em 1999.
A Lei 9.087, de 13 de julho de 1.999 – cuja elaboração teve a participação deste autor – compreende um conjunto de disposições objetivando a proteção individual às testemunhas ou vítimas de crimes, sendo que a disposição em garantir a incolumidade física dos indivíduos nessa situação se constitui em incentivo a sua colaboração na investigação e na instrução criminal.
A lei institui, também, um conjunto de normas de proteção individual aos réus “colaboradores”, prevendo a possibilidade de redução da pena ou perdão judicial em decorrência da colaboração efetiva no desvendamento do crime em que tiveram participação, o que vem sendo chamado “colaboração premiada” ou “delação premiada”. Com a garantia da incolumidade física e a possibilidade de benefício penal,  o delator sai do status de réu para se transformar na principal testemunha do crime por ele cometido, quebrando assim a  lei do silêncio que impera no crime organizado, e que se constitui na “espinha dorsal” de sua impunidade.
Apesar dessa “colaboração” com redução de pena ou perdão judicial figurar em alguns dispositivos legais anteriores, o seu tratamento tímido e reduzido não proporcionava viabilidade prática, e assim a Lei 9.087/99, além de ampliar o seu espectro para todos os crimes, permitiu aplicação imediata.
Ressalte-se que a referida Lei 9.087/99 viria a ter importante aperfeiçoamento com a recente vigência da Lei 12.850, de 2013. Esse dispositivo recente, de fato sucedeu   a Lei 9.034/95, revogando as suas disposições para dar um tratamento mais preciso ao crime organizando a partir de sua definição, se estendendo na abordagem dos meios de obtenção de prova, notadamente na regulamentação do procedimento da “colaboração premiada” no âmbito policial e na esfera judicial, no que complementou as previsões da Lei 9.087/99.
Um olhar na cronologia dessas leis inovadoras permite a verificação de que foram editadas no período que compreende os anos 1994 a 2002, tendo assim em comum o fato de terem sido elaboradas e/ou sancionadas no período de governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. E na maioria das vezes foram resultantes de iniciativas do próprio poder Executivo, de forma isolada ou compartilhada com parlamentares.
Assim, com menção honrosa ao governo Itamar Franco por sua contribuição em algumas iniciativas embrionárias, o governo FHC passa para a história do Direito Criminal brasileiro como o inovador de um ordenamento jurídico moderno e capaz de proporcionar meios à investigação da criminalidade de “colarinho branco”. O que nos leva a afirmar que a eficácia e o êxito das investigações dos atuais crimes envolvendo a Petrobrás podem ser reputados como uma “herança” por ele deixada aos seus sucessores.
Depois desse período não nos acode inovação expressiva nesse segmento específico da legislação criminal, onde as exceções são a Lei 12.683/2012 e a Lei 12.850/2.013 ambas mencionadas. Essa última resulta em um necessário e bem sucedido aperfeiçoamento de leis anteriores, sobretudo na regulamentação do procedimento de apresentação e aceitação da “delação premiada”. Sancionada pelo Executivo, é importante assinalar que o mérito de sua iniciativa cabe a então senadora Serys Slhessarenko, por via do Projeto de Lei do Senado 150, de 2006.
A guisa de conclusão, a aplicação pratica dessas leis permite afirmar que à hora atual o ordenamento jurídico brasileiro especifico à investigação de crimes proporciona instrumentos eficazes e segurança jurídica aos seus operadores, com reflexos no êxito de suas atividades apuradoras.
Evidentemente tal ordenamento sempre pode ser aperfeiçoado, sobretudo em inovações pontuais, mas com o necessário cuidado para evitar exageros e pirotecnias que possam mesmo vir a prejudicar a viabilidade prática que situa esse campo jurídico-legal dentre os mais avançados dos países democráticos.
O Brasil espera que as investigações do “Caso Petrobras” prossigam até o seu final deslinde. Muito já foi feito, mas é preciso atingir o “fundo do poço”, que parece ser abissal, como os do “Pré-sal”. Nesse prosseguimento, é imperioso que a agilidade que tem sido demonstrada pelos operadores que as conduziram até o presente momento tenha continuidade nos demais juízos e instâncias que os sucederão. Para tanto, essas investigações contam com as garantias legais e o apoio da opinião pública, bastando que cada um de seus operadores exerça o seu dever funcional, cumpra as suas atribuições. Vamos aguardar o desfecho.
Revista Consultor Jurídico, 24 de janeiro de 2015, 11h11

Onde está a luz?


A entrevista mostrada pela revista Época monstra bem o que os bandidos esperam do sistema penal brasileiro: ingenuidade e ineficiência.

De pronto nota-se um discurso que interessa somente o individuo, o corrupto, que por mais que receba alguma pena, deixará marcas extremamente negativas para o país. Fico a pensar quanto tempo os investidores da Petrobras e os demais investidores do mercado de ações brasileiro irão penar para receber alguma indenização pelos danos causados. Muitos esperam que a justiça americana seja mais eficiente e garanta alguma reparação.

Crimes como esse praticados no esquema da Petrobras são mais que hediondos, podem ser considerados, ou poderiam ser nominados como crimes contra a segurança nacional. Em razão desses crimes desses crimes trabalhados estão sem receber seus salários, muitos perderam seus empregos, violando o direito fundamental que representa seu salário e seus direitos fundamentais sociais, no caso o próprio trabalho. E o prejuízo ao INSS, quem vai ressarcir os valores desembolsados com o seguro desemprego e outros benefícios dos segurados?

O que entrevistado quer é o mesmo tratamento processual dado aos miseráveis que são processados diariamente por furtecos, ou outros delitos inexpressivos aos interesses coletivos. De cara alguém pode dizer: então temos que ter dois direitos processuais? Boa pergunta. O tratamento legal já é diferentes para crimes de menor potencial ofensivo, hediondos, etc ... o processo pode ser o mesmo, ou melhor, o procedimento pode ser o mesmo, mas não podemos permitir que o procedimento seja sinônimo de impunidade. 

Em regra, o processo penal "bom" é aquele que garante altos índices de impunidade. Veja a crítica à delação premiada. No Brasil e na grande maioria dos países, ela é restrita a casos graves, de crimes complexos. Contra as confissões feitas no dia a dia dos tribunais para que o miserável seja beneficiado com uma mera atenuante da confissão, não existe quem reclame. No caso de crimes complexos, com bandidos preparados para o ofício criminoso, há quem reclame, pois os honorários são expressivos e a propaganda vem de graça.

Muito se critica o professor alemão Jakobs, pois seu conceito de inimigo seria genérico e poderia levar a muitas injustiças. Não sei, injustiça é feita ao povo que suporta a impunidade reiterada de marginais que causam danos imensuráveis ao país, e que exigem um tratamento igualitário, um direito penal universal, como se lesar o coletivo fosse um direito fundamental. 

O tema merece reflexão, e os interesses coletivos merecem uma tutela efetiva.




Kakay: "Algum juiz vai ter coragem de não homologar a delação?"

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Quando a Operação Lava Jato foi deflagrada, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos criminalistas mais requisitados do Brasil, foi procurado pelo doleiro Alberto Youssef para defendê-lo nos Tribunais Superiores. Kakay desistiu da causa após saber que Youssef decidira fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público para contar o que sabe sobre a corrupção na Petrobras. Nesta entrevista, feita em seu escritório no centro de Brasília, Kakay fez duras críticas ao instrumento jurídico hoje tão em evidência no país – na mesma tarde em que a Justiça Federal divulgou  os termos da delação de Youssef. Para o advogado, falta à delação premiada sustentação legal.

ÉPOCA – O senhor disse que o Brasil corre o risco de parar caso as empreiteiras investigadas por corrupção na Petrobras sejam consideradas inidôneas. Acredita realmente nisso?
Antonio Carlos de Almeida Castro (Kakay) – Num primeiro momento, minha declaração causou espécie, mas depois outras pessoas deram voz ao que eu disse. Hoje, reitero o que disse. Essa situação mereceria uma reflexão, evidentemente numa postura republicana, com pensamento institucional. Essas empresas empregam milhares de funcionários diretos e indiretos. Elas não param só as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal). Até mesmo aeroportos podem parar de operar. Olha só a gravidade das consequências dessa ação.


ÉPOCA – As empreiteiras nacionais não podem ser substituídas por empresas estrangeiras?
Kakay – É impossível que empresas do exterior venham a assumir contratos em fase adiantada. O juiz Sergio Moro (da Justiça Federal em Curitiba e responsável pelas investigações) foi prudente quando tornou indisponíveis os bens dos diretores, e não das empresas. Exatamente para não inviabilizar a vida das empresas. Imagina a Petrobras parar porque elas foram declaradas inidôneas.

ÉPOCA – Mas houve várias irregularidades e milhões de reais foram desviados da Petrobras com a participação de políticos, diretores da estatal e executivos dessas empreiteiras.
Kakay – É importante que a investigação seja feita em sua íntegra. O Ministério Público faz o papel correto dele, a Polícia Federal faz o papel constitucional dela, mas seria mais interessante que advogados, Ministério Público e Judiciário se sentassem juntos para pensar não numa forma de abafar o caso, mas de impedir que as empresas quebrem. É uma lástima. Muitas dessas empresas são multinacionais, que atuam também fora do Brasil. São orgulho do país.


ÉPOCA – Os procuradores que atuam no caso rechaçaram a ideia de sentar com representantes das empreiteiras para buscar uma saída coletiva. Agora, preparam ações de improbidade administrativa contra essas empresas, caso a caso. 
Kakay – O Ministério Público, na verdade, está inovando. Ele está fazendo delações premiadas que não têm previsão legal. Vi, estarrecido, um parecer de um integrante do MP defendendo a prisão para efeito de obter uma delação premiada. Isso é absolutamente inconstitucional, ilegal, não republicano. Numa dessas delações premiadas (a do ex-diretor Paulo Roberto Costa) constou que aquela pessoa que estava presa teria direito a uma prisão domiciliar. Não existe previsão legal para isso. Quem decreta prisão é o Judiciário. Só o Judiciário pode revogar essa prisão. Os procuradores não têm poder para isso. No momento em que o MP coloca na delação que o sujeito terá direito a uma prisão domiciliar, ele está substituindo o Poder Judiciário. Ele não pode fazer isso.


ÉPOCA – Mas o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, homologou essa delação premiada.
Kakay – O MP apresenta uma delação que diz ter coisas gravíssimas contra algumas das principais pessoas da República, senadores, governadores, deputados, grandes empreiteiras. Algum juiz terá coragem de não homologar? Duvido. Infelizmente, eu duvido.


ÉPOCA – O ministro homologou sob pressão?

Kakay – Você faz uma investigação desse porte, faz pequenos vazamentos de nomes de pessoas importantes, em que não se sabe em que contexto foram citadas. Isso tomou uma dimensão tal que, para um ministro, simplesmente não homologar essa delação é difícil.


ÉPOCA – Sem considerar aspectos legais?
Kakay – No amadurecer dessa investigação e do próprio instituto da delação premiada, vamos começar a fazer como outros países fazem. Muitos acordos não são homologados. Uma delação que demorou 30 e tantos dias, com oito horas de depoimento por dia, com vários delegados e vários procuradores, e uma homologação é feita em apenas 24 horas? Houve um procedimento formal para saber se aquilo foi voluntário? Não. É um ato voluntário você,  com pressão, forçar as pessoas a delatar?
ÉPOCA – O senhor desistiu da defesa do doleiro Alberto Youssef por discordar da delação premiada. Explique, por favor.
Kakay – Sou contra a delação premiada sob todos os aspectos. Tenho uma formação humanista. Em minha família, quando alguém estava fazendo algo errado, ninguém ia lá apontar: “Foi o fulano”. O delator entrega quem ele quer, da forma que ele quer. Ele delata quem tem responsabilidade e quem não tem também. Basta ele falar um nome qualquer que essa pessoa estará manchada. Além disso, o Estado deixa de investigar para fazer uma barganha.
"Se um Tribunal derrubar uma decisão (do Sergio Moro), passa
por leniente"
ÉPOCA – Essa barganha não se justifica para punir criminosos poderosos que historicamente saem impunes nos casos de corrupção?
Kakay – O Estado tem de se estruturar para fazer investigações de forma científica seja contra quem for. Temos hoje no país, sem delação premiada, alguns dos principais políticos do país cumprindo pena (referindo-se ao escândalo do mensalão).
ÉPOCA – O senhor foi procurado por políticos citados na Lava Jato e que, eventualmente, serão alvos de investigação no Supremo? O que disse a eles?
Kakay – Tenho clientes, políticos, que foram pretensamente citados e me procuraram. Tiveram os nomes expostos. Não se sabe em que circunstâncias foram citados. Estamos esperando chegar o mês de fevereiro para ver o que acontecerá. Essas pessoas foram citadas através do efeito dessa tal delação. Ninguém tem acesso a isso. É assim que está funcionando. É através da pressão e do medo. Os decretos de prisão são muito frágeis. Há necessidade de algumas pessoas ainda estarem presas?
ÉPOCA – O juiz Sergio Moro, responsável pelo caso, tem recebido elogios na condução dos trabalhos, inclusive de advogados.
Kakay – No Judiciário de primeira instância, quando você pega um juiz que é sério e competente, mas é voluntarioso e julga ser o salvador da pátria, ele comete uma série de atos completamente desnecessários e duros, mas vira o homem do ano de todas as revistas. Se um Tribunal derrubar uma decisão, passa por leniente.
ÉPOCA – Um dos elogios a Sergio Moro é a transparência.
Kakay – Você conhece as delações premiadas? Alguém conhece? Como se faz a defesa de um cliente sendo que há uma delação premiada e você não a conhece?
ÉPOCA – Apesar de suas críticas, o senhor considera que a delação premiada se consolidará no Brasil como instrumento de auxílio às investigações?
Kakay – Houve um momento no Brasil que tudo era escuta telefônica. É um instrumento importante na luta contra o crime organizado, mas você não pode começar uma investigação com escuta telefônica. Está na lei. Mas a escuta virou uma praga, um flagelo. Até que os Tribunais começaram a fazer esse enfrentamento necessário. Eu tenho a certeza de que o Brasil fará em muito pouco tempo – o mundo jurídico, num primeiro momento – uma revisão desse louvor à delação premiada. Isso aconteceu na Itália. Lá, a delação também parecia uma panaceia, a salvação do mundo. Depois, começaram a anular processos por causa de acusações falsas. No caso da Lava Jato, os advogados dos investigados não conhecem as delações premiadas. Estamos vivendo um momento obscurantista.
ÉPOCA – Onde está a luz, então? 
Kakay – É preciso que exista a paridade de armas. Não podemos ter uma investigação que corre durante anos de forma sigilosa e, de repente, é deflagrada, sem que o advogado tenha acesso à plenitude dela. A sociedade tem de refletir sobre isso. É assim que ela quer que a defesa seja feita? Ao ser julgado nos Tribunais Superiores, esse caso terá uma capilaridade enorme. Ele atingirá os prefeitos das cidades, o homem comum no interior do país. A sociedade tem de pensar o que ela quer. 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

mais de mil cursos de direito!!

Artigo de hoje do professor Lenio.

Apesar da qualidade de sempre, não concordo com a ideia de curso dita pelo professor. Acredito que a pratica merece espaço significativo no curso ... Não se le resumos em medicina,  mas tambem nao se formam medicos sem muita prática.

Segue o link.

http://www.conjur.com.br/2015-jan-22/senso-incomum-estudo-mostra-porque-roda-oab-ou-bbb-isso

http://www.conjur.com.br/2015-jan-22/senso-incomum-estudo-mostra-porque-roda-oab-ou-bbb-isso

sábado, 17 de janeiro de 2015

a pena de morte funciona?

Reportagem da Folha sobre a pena capital ...


Pena de morte não resolve, diz francês de ONG que milita contra a prática

A pena capital é inútil no esforço para reduzir a criminalidade, diz Raphaël Chenuil-Hazan, vice-presidente da Coalizão Mundial Contra a Pena de Morte, uma das maiores plataformas globais de militância pela abolição da prática.
Em entrevista à Folha, por telefone, o francês Chenuil-Hazan, 39, afirma que o caso do brasileiro Marco Acher, executado na Indonésia, expõe a intransigência de governos asiáticos em relação ao tema.
Chenuil-Hazan sustenta que, apesar da resistência de alguns setores, a prática da pena de morte está em declínio.
Folha - Como vê a execução de Marco Archer?
Raphaël Chenuil-Hazan - O caso expõe a situação na Ásia, onde a pena capital ainda é disseminada e onde governos dificultam procedimentos diplomáticos e consulares de praxe. Dos seis executados, cinco são estrangeiros.
A situação é ainda mais inadmissível porque autoridades anunciam ao brasileiro que ele vai morrer e como vai morrer, mas o deixam de molho na cadeia por 12 anos. Isto é tortura psicológica.
Por que a Indonésia condenou Acher à morte e deu prisão perpétua ao francês Michael Blanc, preso em 1999 com 4 kg de haxixe, e solto em 2014?
Blanc foi solto, mas há outro francês condenado à morte no país. Depende da dose, do tipo de droga e da categoria do acusado - consumidor, simples carregador ou traficante.
Convenções internacionais exigem a aplicação da pena só para "crimes mais graves". O que isso significa?
É uma questão filosófica. Antigamente, muita gente não via o estupro como crime mais grave. Hoje, o estupro é aceito como tal na maior parte das sociedades. Não há definição para crime grave.
No caso do brasileiro, a situação se complica pela questão religiosa. O islã é uma das cinco religiões oficiais da Indonésia, mas é amplamente majoritário. E o islã abre ao debate sobre pena de morte. O tema aparece no Corão uma única vez, e a escravidão, centenas. Mesmo assim, os países islâmicos aboliram a escravidão, mas não a pena de morte. O Corão deixa claro quais casos em que ela se justifica, como adultério e homicídio premeditado. Sobre drogas, nada.
O problema na Ásia vai além dos países islâmicos. O Vietnã é comunista e Cingapura, ditadura capitalista. Ambos têm leis antidrogas tão duras como as da Indonésia.
Se a democracia supõe prevalência da maioria, não seria justo aceitar a pena capital na Indonésia, já que sua população é a favor?
Quando usamos ferramentas de medida precisas, percebemos que o apoio é menor do que se imagina. Em muitos países, ninguém discute se as pessoas querem vingança, reparação ou apenas evitar que crimes se reproduzam.
Em Belarus, único país europeu que ainda executa, dizia-se que 86% da população era a favor. Mas, quando fizemos perguntas abertas e mais complexas, percebemos que a maioria aceitaria prisão perpétua ou moratória sobre pena de morte.
Existe a ideia de que americanos apoiam massivamente a pena de morte, mas este apoio não para de cair. Na Califórnia, Estado recordista em condenações, o respaldo caiu para cerca de 50%. Na França, François Mitterrand aboliu a pena de morte em 1981, quando 65% eram a favor das execuções. Desde então, a criminalidade baixou.
Qual a relação entre pena de morte e criminalidade?
Os EUA são um bom exemplo de transparência em dados públicos. Nenhum dos Estados americanos que aboliram a pena de morte teve aumento significativo da criminalidade.
Entre 1973 e 1977, os EUA decretaram moratória e deixaram de aplicar a pena. Nem assim houve explosão do crime.
Países europeus aboliram a pena de morte e não tiveram aumento da criminalidade. Onde houve aumento, foi por causa da maior circulação de armas.
No Irã, onde a maior parte das execuções é por narcotráfico, a aplicação da pena aumenta sem parar, e o problema da droga também. Cadê a eficácia das execuções?
No Iraque, há um salto nas execuções de pessoas acusadas de ser da Al Qaeda, mas atentados continuam. Quanto mais se responde à violência com violência, mais esta violência se torna natural.
Qual a situação da pena de morte no mundo?
Há 20 anos, dois terços dos países aplicavam pena de morte. Hoje, dois terços não aplicam. A cada ano um país deixa de executar pessoas, em média. Em 2014 foi Madagascar. Europa e América Latina estão perto de ser totalmente abolicionistas.
Quanto mais se avança, porém, mais difícil o caminho. Muitos dos países que ainda a aplicam, como China, Arábia Saudita e Irã, não são democráticos. Mas também há democracias, como Japão e EUA. Estou seguro de que a Suprema Corte americana irá vetar de vez execuções nos próximos anos, e o Texas será o último Estado a aplicá-las.
O mundo percebe que a pena capital não resolve nada em lugar nenhum.
Além disso, o tema está sempre atrelado à injustiça social. Em todos os países, os executados são quase sempre pobres e minorias étnicas e religiosas. No Irã, curdos, árabes, baluchis. Nos EUA, um negro que mata um branco tem cinco vezes mais chances de ser executado do que um branco que mata um negro.
Após os ataques em Paris, a extrema-direita francesa quer a volta da pena de morte. A causa abolicionista tem dias difíceis pela frente do endurecimento geral das ideias?
É uma reação epidérmica e irracional, até porque a França ratificou convenções internacionais e precisaria sair da União Europeia para voltar à pena capital. E o cidadão comum que pede vingança acaba se acalmando. Leis não podem ser ditadas pela fúria e pelo medo.

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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Tout est pardonne ...

Provavelmente a charge que terá a maior divulgação da história ...

Folha de São Paulo:

Primeira capa do "Charlie Hebdo" após ataque traz Maomé chorando

Divulgação
"Tudo é perdoado" é a frase principal da capa da primeira edição do "Charlie Hebdo" após o ataque
"Tudo é perdoado" é a frase principal da capa da primeira edição do "Charlie Hebdo" após o ataque
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O jornal satírico "Charlie Hebdo" voltará a colocar uma representação do profeta Maomé em sua primeira capa após o atentado em sua redação, que matou 12 pessoas em Paris, na última quarta (7).
Na nova capa, o profeta do islamismo aparece chorando, com a frase "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie, em francês), lema dos protestos contra o ataque. Acima da imagem, a frase "Tout est pardonné" (Tudo é perdoado).
A primeira edição do semanário francês terá uma tiragem de 3 milhões de exemplares, em vez dos tradicionais 60 mil, em 16 línguas. O semanário vai às bancas na próxima quarta, quando a tragédia completa uma semana.
A capa foi desenhada pelo cartunista Luz, que sobreviveu à tragédia por ter acordado atrasado para a reunião de pauta no dia do atentado.
O ataque à redação do "Charlie Hebdo" terminou com a morte do diretor do jornal, Stéphane Charbonnier, o Charb, além dos cartunistas Jean Cabot (Cabu), Georges Wolinski, Bernard Verlhac (Tignous) e Philippe Honoré (Honoré).
Além deles, outras sete pessoas foram mortas. Os autores da ação, os irmãos Said e Chérif Kouachi, disseram ter agido a mando da Al Qaeda na Península Arábica, filial iemenita da rede terrorista. Os dois foram mortos na sexta (9), em um cerco policial.

Investigação segue firme ...

Ficou a impressão de que tentaram envolver um inocente para desmoralizar a investigação. Ao que tudo indica não deu certo ...

Folha de São Paulo:



Advogado isenta Anastasia e Cunha e diz que há 'interesse em tumultuar'

O advogado do doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, disse nesta segunda-feira (12) que seu cliente não tem "negócios" com o senador eleito Antonio Anastasia (PSDB-MG) e nem com o líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), que é candidato à presidência da Câmara.
De acordo com ele, estão acontecendo vazamentos "frutos de interesses políticos para tumultuar investigações", por isso, ele irá protocolar na Justiça uma petição dizendo que Youssef não determinou remessas de dinheiro para os dois.
"Meu cliente não tem negócios com Anastasia e nem com Eduardo Cunha. Meu cliente mandou dinheiro para Belo Horizonte, mas não mandou entregar para Anastasia (...) Fazemos uma colaboração correta, evitamos atribuir fatos a terceiros. Qualquer envolvimento de políticos agora é precipitado e perigoso", disse Basto.
Folharevelou na semana passada que o entregador de dinheiro de Youssef, o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, disse em depoimento que entregou R$ 1 milhão a uma pessoa que reconheceu como sendo o "candidato que ganhou a eleição em Minas Gerais" em 2010, Anastasia.
Omar Freire/Imprensa MG/Divulgação
O ex-governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB)
O ex-governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB)
No mesmo depoimento, o policial citou o nome de Eduardo Cunha, dizendo que Youssef teria lhe mandado entregar dinheiro numa casa que seria do deputado. Tanto Anastasia quanto Cunha negaram qualquer participação no esquema e disseram que sequer conhecem Oliveira Filho ou Youssef.
Ainda na semana passada a Folha revelou que o Ministério Público Federal vai pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que um inquérito seja aberto para apurar se Cunha teve alguma participação no esquema.
Sérgio Lima/Folhapress
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), candidato à presidência da Câmara dos Deputados
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), candidato à presidência da Câmara dos Deputados
CITADOS
Eduardo Cunha vem rechaçando qualquer participação no esquema revelado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga um esquema na Petrobras envolvendo fraudes em licitação, pagamento de propinas e lavagem de dinheiro.
"Não conheço esse senhor [Youssef]. Estou absolutamente tranquilo em relação a isso, de que não há nada. É mais uma iniciativa política para me prejudicar, tenho absoluta convicção. É só olhar de onde estão partindo esses vazamentos, essas informações falsas", disse, na semana passada.
Em nota divulgada no último dia 8, Anastasia se disse "tomado de forte indignação" e "revoltado" por ter seu nome citado pelo policial, com quem sugeriu a realização de uma acareação.
"Em primeiro lugar, registro que não conheço este cidadão, nunca estive ou falei com ele. Da mesma forma não conheço, nunca estive ou falei com o doleiro Alberto Youssef. Em 2010, já como governador de Minas Gerais, não tinha qualquer relação com a Petrobras, que não tinha obras no Estado, ademais do fato de eu ser governador de oposição ao governo federal", diz trecho da nota.

domingo, 11 de janeiro de 2015

...


Agora é esperar para ver as ações reais que serão tomadas pelos lideres - mas de 40 caminharam uns 200 metros com a multidão -, já que o que se apura da leitura dos jornais é que os terroristas seriam franceses. Ou seja, o mal não vem de fora, ele tem origem em algum fator social ...

Na Noruega, não faz muitos anos, um nacional matou cerca de 60 pessoas. Nesse caso não se falou em fundamentalismo ... a reflexão sobre a origem dessas tragédias é muito importante ...


Uol notícias:

Cerca de 4 milhões saem às ruas na maior marcha da história da França

  • Kenzo Tribouillard/AFP
    Imagem aérea mostra a praça da República, em Paris, tomada por uma multidão
    Imagem aérea mostra a praça da República, em Paris, tomada por uma multidão
Cerca de 4 milhões de pessoas saíram às ruas na França neste domingo (11) para protestar contra o terrorismo e em defesa da liberdade de expressão, segundo levantamento extraoficial feito pelo "Le Monde".  O Ministério do Interior calculou que "ao menos 3,7 milhões de pessoas" foram à Marcha Republicana e a classificou de "a maior manifestação da história da França".
Anteriormente, François Lamy, deputado socialista e ex-ministro francês, comemorou a grande participação popular na capital francesa neste domingo. "França fantástica! Eu diria que foram entre 1,3 e 1,5 milhão em Paris", disse.
Segundo o "Le Monde", ao menos 2,7 milhões de manifestantes participaram de atos fora de Paris -- o levantamento contempla centenas de cidades. Em Lyon, cerca de 300 mil foram à marcha e em Grenoble, cidade vizinha, ao menos 110 mil . Bordeaux teve 140 mil participantes; Rennes, 115 mil; Montpellier, 100 mil; e Clermont-Ferrand foram 70 mil.
Mesmo cidades com tamanho médio tiveram grandes marchas, como foi o caso de Cognac  (11 mil pessoas), Crozon (5.000) e Bar-le-duc (5.000).
Momento histórico de união
A marcha parisiense, classificada como história pela imprensa francesa, foi liderada por familiares das vítimas dos atentados desta semana e por dirigentes políticos de todo o mundo.
Em Paris, às 15h30 (12h30 de Brasília), com um atraso de meia hora, eles começaram a passeata, seguidos por centenas de milhares de pessoas que foram para as ruas da capital francesa.
Sobreviventes da equipe da revista "Charlie Hebdo" também participaram ao lado dos familiares. Na última quarta-feira (7), os irmãos franco-argelinos Said e Chérif Kouachi entraram na sede da publicação e mataram 12 pessoas a tiros, das quais sete eram jornalistas. Nos dois dias seguintes, outro jihadista, Amédy Coulibaly, matou mais cinco pessoas. No total, 17 morreram nos atentados terroristas. Os três radicais acabaram mortos em duas operações policiais na última sexta-feira (9).
Logo atrás, com os braços entrelaçados, desfilaram os líderes mundiais, liderados pelo presidente francês, François Hollande, junto com a chanceler alemã, Angela Merkel; o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, e os primeiros-ministros britânico, David Cameron, e italiano, Matteo Renzi.
Separados por apenas cinco metros estavam o chefe do governo israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Embora a saída estivesse prevista da praça da República, a grande afluência de gente fez com que os dirigentes e as vítimas abrissem a manifestação centenas de metros adiante, no bulevar Voltaire.
Pouco depois, foi guardado um respeitoso minuto de silêncio e Hollande cumprimentou um a um aos líderes presentes.
Hollande se aproximou, junto com o primeiro-ministro, Manuel Valls, e saudou os familiares das vítimas dos ataques.
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Revista francesa de sátiras é alvo de ataques e provoca reações243 fotos

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11.jan.2015 - Imagem aérea mostra a praça da República, em Paris, tomada por uma multidão em ato contra os atentados terroristas na França. Estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas estejam na região central da capital francesa Leia mais Kenzo Tribouillard/AFP

Muitos desafios ... uma questão complexa ...


A questão da liberdade de imprensa é extremamente delicada. Por óbvio que eventual ofensa a esta ou aquela religião não justifica e jamais justificará qualquer agressão.

O problema está no limite, no respeito a opinião. No caso da França existe ainda um grande problema social, onde os imigrantes e descendentes enfrentam dificuldades sociais extremas. Vi comentário de que os jovens chegam a esconder seu nome em currículos para conseguir aumentar a chance de um emprego.

O tema é realmente completo.

NY Times:

Paris March Against Terror Draws Huge Crowds and 40 World Leaders

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Unity March in Paris

CreditChristopher Furlong/Getty Images 
PARIS — Forty world leaders, including the Palestinian president and the Israeli prime minister, marched arm in arm in the vanguard of as many as a million people in Paris on Sunday in a somber display of solidarity and defiance after a shattering series of terrorist attacks.
The march began shortly after 3 p.m. at the Place de la République, clogging the broad streets with a mass of humanity who turned out to share their grief and anger at last week’s attacks, which killed 17 people, including three police officers. Familes of the victims walked grim-faced, some wearing Charlie Hebdo headbands to commemorate the journalists murdered on Wednesday at a satirical newspaper that repeatedly lampooned the Prophet Muhammad and drew the rage of Islamic extremists.
The French government mobilized hundreds of military forces, police and antiterrorism squads to provide security at the rally. Snipers looked down from rooftops, plainclothes officers mixed in with the crowd and security officers were seen checking sewers for explosives. Numerous subway stops and streets were closed because of the immense throng.
At the Place de la République, demonstrators waved French flags and several climbed the imposing Statue of the Republic, a symbol of the French Revolution, and wielded an inflated pencil, symbolizing solidarity with the fallen cartoonists at Charlie Hebdo.
People displayed flags from across Europe and many held signs saying, “I am Charlie.” Others held up caricatures from the magazine.
The attacks have spread alarm among the Jewish community in France, which was already reeling from a spate of anti-Semitic attacks in the country, including on synagogues and Jewish shops at the time of an Israeli incursion in Gaza last year. On Sunday, President François Hollande, who has called the attack at a kosher supermarket on Friday that left four Jewish shoppers dead a horrific act of anti-Semitism, said he would meet with Jewish leaders at a rally after the main march.
In a meeting earlier on Sunday with Roger Cukierman, president of the Representative Council of Jewish Institutions in France, Mr. Hollande said that the government would protect Jewish schools and synagogues with army troops if necessary, and that it was committed to the security of the country’s 500,000 Jews.
Mr. Hollande was expected to go to the Great Synagogue of Paris, also known as the Synagogue de la Victoire, after the unity march to convey his support for the Jewish community.
Prime Minister Manuel Valls declared on Saturday that France was at “war” with radical Islam after the harrowing attacks. Three gunmen who said they were acting on behalf of Al Qaeda and other radical Islamist groups were killed by the police on Friday in two separate raids. One gunman had taken hostages at a Jewish supermarket in Paris, and the two others had holed themselves up in a print shop in Dammartin-en-Goële, northeast of the French capital.
“Indignation. Resistance. Solidarity. I am Charlie” read an invitation to the event that was circulating on social media. The organizers said the rally was to show support for freedom of the press and freedom of speech, and to reinforce the message that France and the French would not be cowed by terrorists.
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Officials from across Europe and elsewhere, including Chancellor Angela Merkel of Germany, Prime Minister David Cameron of Britain and Prime Minister Ahmet Davutoglu of Turkey, were in Paris to attend the rally.
In a rare display of unity, the president of the Palestinian Authority, Mahmoud Abbas, and Prime Minister Benjamin Netanyahu of Israel also participated.
Security officials in France and across Europe remained on high alert for copycat attacks, even as a French prosecutor said that five people detained in the wake of the terrorist attacks had been released.
Early on Sunday, a German newspaper that had reprinted cartoons from the French weekly Charlie Hebdo lampooning the Prophet Muhammad was the target of an apparent arson attack, the newspaper reported on its website. It said there were no injuries.
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Graphic 

The Links Among the Paris Terror Suspects and Their Connections to Jihad 

Where their lives intersected and what may have influenced them. 
OPEN Graphic 
The daily, the Hamburger Morgenpost, had published three cartoons that had been previously published by Charlie Hebdo, whose offices were attacked Wednesday in Paris. “This much freedom must be possible!” the headline read.
The Associated Press, citing police sources, said that the police in Germany had detained two men in connection with the Hamburger Morgenpost attack.
Several other national and local German newspapers published the cartoons and were placed under police protection, the news agency reported.
On Sunday morning, the French Interior Ministry held what it described as a security summit meeting, bringing together top intelligence and law enforcement officials from across Europe and North America to discuss ways to combat and contain terrorism. Attorney General Eric H. Holder Jr. was among those attending.
After the meeting, Bernard Cazeneuve, the French interior minister, said that the current European legislation aimed at fighting terrorism “wasn’t enough,” and called for a better European system for tracking potential jihadists and terrorists.
He also said the European ministers had agreed on a need for better cooperation with Internet companies to monitor, detect and remove any “illicit” material that could encourage terrorism.
Mr. Holder announced that the White House would convene an international forum on Feb. 18 to discuss new means of countering terrorism. The White House, in a statement, said the meeting would address domestic and international measures “to prevent violent extremists and their supporters from radicalizing, recruiting, or inspiring individuals or groups in the United States and abroad to commit acts of violence.”
The challenges raised by the attacks — including the threats of foreign fighters and the challenges of violent extremism — figured prominently at the meeting. On Saturday, French cabinet ministers held an emergency meeting in Paris to discuss measures to prevent other attacks.
The mass rally has created a major security headache for the French authorities, two days after security forces killed Amedy Coulibaly, a heavily armed gunman who is suspected of shooting and killing four hostages at a kosher supermarket near Porte de Vincennes in eastern Paris, and two brothers, Saïd and Chérif Kouachi, who are suspected of killing 12 people on Wednesday at the offices of Charlie Hebdo.
On Sunday, counterterrorism officials in France said they were continuing to investigate links between Mr. Coulibaly and the Kouachi brothers, the source of their funding and weapons, and whether the suspects were part of a dormant sleeper cell that had been activated.
The investigation is a challenge for French law enforcement officials, who are already grappling with the more than 1,000 French citizens who last year went or planned to join jihadists in Syria and Iraq. The events of the past week appear to confirm fears that some could return to wage attacks on French soil.
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Related Coverage 

The attacks fanned anxieties across France and Europe and raised questions about why the authorities had failed to thwart an attack by suspects who were known to the French security services.
While the rally on Sunday was intended to help unite the country, it has fanned some divisions. Marine Le Pen, the leader of the far-right National Front, who was not invited, urged her followers to stay away, saying that the demonstration had been usurped for political ends “by parties which represent what the French hate: partisan spirit, electioneering and indecent polemic.”
On Saturday, hundreds of thousands of people marched in Paris, Toulouse, Nice and other cities in a show of solidarity, and rallies were held in places as far away as Athens, Madrid, Madagascar, Tel Aviv and Bangui, Central African Republic.
In Germany on Saturday, an estimated 35,000 people demonstrated in Dresden in support of tolerance and an open society, nearly double the number that attended the protests of a local group, Pegida, against what it called the “Islamization” of German society. Demonstrators on Saturday held a moment of silence for the victims of last week’s attacks in Paris, and many carried signs in support of the slain satirists from Charlie Hebdo.
In her weekly podcast, Ms. Merkel called for renewed efforts at unity among the European Union’s 28 members. “We are only strong and convincing when we stand together,” she said. Leaders of Germany’s Jewish and Muslim communities, backed by leading political parties, have called for Germans to attend rallies in support of tolerance on Monday in more than 20 cities across the country.
Thousands of Jews left France last year for Israel amid concerns about security, and in recent days Israeli officials have said that the recent attacks could prompt a new wave of French Jews arriving in the country. On Saturday, Mr. Netanyahu said that Israel was the home of French Jews, and on Sunday morning, as he was leaving Israel for the march in Paris, he repeated his invitation to French Jews to move to Israel.
“I am going to Paris in order to participate in the rally, along with world leaders, for a renewed struggle against the Islamic terrorism that is threatening all of humanity, which I have been calling for years,” the Israeli leader said.
Mr. Netanyahu said that he would attend a second rally, of Paris’s Jewish community, in the evening.
“I will say there that any Jew who wants to immigrate to Israel will be received here with open arms,” he said.
Mr. Netanyahu’s office announced on Twitter that the prime minister would bring the bodies of the Jewish victims of the kosher supermarket siege to Jerusalem for burial. The funerals are tentatively planned for Tuesday.
The French National Assembly is to hold a debate and vote on Tuesday on whether France should continue participating in American-led airstrikes in Iraq against the Islamic State.
France joined the campaign in September, and Islamic State militants have asked their supporters to attack Europeans in retaliation for the strikes. In September, a group aligned with the Islamic State beheaded Hervé Gourdel, a 55-year-old mountaineering guide from the French city of Nice, who had been kidnapped by fighters in Algeria.