domingo, 27 de abril de 2014

O Pais da Copa de 2014 em um relatório oficial do governo alemão ...

Os turistas alemães já tem um orientação por parte do seu governo. Infelizmente é melhor atender as orientações mesmo.

El pais: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/26/internacional/1398542666_440736.html


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Brasil é um país de alto risco, segundo a Alemanha

Quando faltam apenas seis semanas para o começo da grande festa esportiva que representa o campeonato mundial de futebol no Brasil, o ministério de Assuntos Exteriores alemão divulgou um novo relatório sobre um tema muito sensível: a segurança que o país oferece aos milhares de turistas que chegarão à nação para aproveitar a grande festa e, ao mesmo tempo, torcer pelos seus times.
O relatório do ministério, em sua seção “serviços ao cidadão”, que é lida com atenção por todas as grandes agências de turismo do país e pelos turistas que compram pacotes de férias, oferece uma imagem desoladora do Brasil: uma nação onde não as leis não são respeitadas e onde o turista corre o risco de ser vítima de ladrões, sequestradores ou simplesmente de se envolver em confrontos entre a polícia e grupos criminosos, comoaconteceu recentemente no Rio de Janeiro.
“Arrastões e delitos violentos não estão descartados, lamentavelmente, em nenhuma parte do Brasil. Grandes cidades como Belém, Recife, Salvador, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo oferecem altas taxas de criminalidade”, assinala o relatório, com data de 24 de abril, e que está sendo atualizado a cada 24 horas. “A princípio, o cidadão deve se portar de forma precavida em regiões ou em bairros de cidades que são consideradas seguras”, acrescenta o relatório.
Isso não é tudo. Segundo os especialistas do Ministério, que medem os níveis de violência e delinquência que existem nos países que os alemães costumam visitar como turistas, o Brasil se transformou em uma perigosa armadilha para viajantes desprevenidos que desconhecem a realidade do país. O Ministério recomenda que os turistas alemães não usem roupas chamativas e joias quando saírem a passear pelas ruas, que evitem levar grandes quantidades de dinheiro e escondam artigos eletrônicos, como telefones celulares e computadores portáteis. “Em caso de ataque, não resistir, porque os ladrões geralmente atuam sob influência de drogas, estão armados e não se amedrontam com ações violentas”, assinala o “Sicherheitshinweise” (indicações de segurança) do Ministério.
Brasil, um país de alto risco para os turistas que desejam visitá-lo durante o campeonato mundial de futebol? A fria descrição sobre o centro do Rio de Janeiro depois do horário de fechamento dos comércios não deixa dúvidas. “As ruas vazias do centro devem ser evitadas durante os fins de semana”, adverte o ministério, que reconhece alguns progressos realizados pela polícia nas famosas e temidas favelas da cidade.
Os especialistas do ministério de Assuntos Exteriores alemão colocam especial atenção à criminalidade que rodeia o mundo da prostituição, onde os roubos e assaltos são corriqueiros. O turista deve estar atento ao que consome em bares e outros locais visitados por prostitutas. "Se recomenda vigiar a bebida em bares e outros locais e que também não se acompanhe uma prostituta a um hotel escolhido por ela", diz o ministério, que também adverte os turistas alemães sobre o perigo que existe nas praias como Copacabana, onde os roubos acontecem diariamente, à noite com maior frequência.
O Brasil também pode se transformar em um pesadelo para a seleção alemã, que chega ao campeonato como uma das grandes favoritas a conquistar, pela quarta vez, o campeonato mundial. A Federação Alemã de Futebol, em uma decisão que ainda desperta incerteza e insegurança, decidiu recusar a rica oferta hoteleira que o país oferece para alojar a famosa “Mannschaft” e optou por dar vida ao “Campo Bahia, um exclusivo e luxuoso centro esportivo onde a seleção alemã e a equipe técnica poderão desfrutar do conforto e da pompa de um hotel cinco estrelas, da privacidade, do isolamento e da proximidade com o mar.
Mas tudo parece indicar que o campo, que está sendo construído na cidade baiana de Santo André, não ficará pronto na data prevista. Duas reportagens dos jornais Die Welt e Süddeutsche Zeitung revelaram que as obras, que deveriam estar concluídas no final de abril, sofreram um atraso preocupante e que ninguém é capaz de prometer que o exclusivo centro esportivo poderá receber a seleção alemã na data prometida: oito de junho.

Um pouco de economia e atualidades.

Excelente o Globonews Painel de ontem, tratando da nossa economia e algumas perspectivas para o futuro.

Em seguida foi ao ar uma entrevista com a grande figura portuguesa, o ex-presidente Mario Soares, já com 89 anos, mas com muitas idéias interessantes.

Abaixo o link para o Painel ... não achei o link para a entrevista referida.

http://globotv.globo.com/globo-news/globo-news-painel/

sábado, 26 de abril de 2014

Neoconstitucionalismo, ponderação ...


Cada vez mais ganha força a crítica feita por Lenio a concepção de ponderação de valores defendia por parte dos constitucionalistas.

O artigo de Lenio é claro e objetivo, e não deixa dúvidas sobre a validade de suas idéias, bem como pela necessidade de uma revisão dessa concepção de ponderação como instrumento de interpretação.

Grande leitura sem dúvida.

http://www.conjur.com.br/2014-abr-26/observatorio-constitucional-porque-ponderacao-subsuncao-sao-inconsistentes

Porque a ponderação e a subsunção são inconsistentes

Todos sabem que há muito abandonei o neoconstitucionalismo (ver aqui). Tenho referido que o neoconstitucionalismo brasileiro, com raras exceções[1], representa, apenas, a superação do positivismo tradicional, na medida em que nada mais faz do que afirmar as críticas antiformalistas deduzidas pelos partidários da escola do Direito livre, da jurisprudência dos interesses e daquilo que é a versão mais contemporânea desta última, da jurisprudência dos valores. Minhas críticas ao neoconstitucionalismo valem para as teorias da argumentação e às posturas que professam voluntarismos e defendem o poder discricionário dos juízes.
Com efeito, a partir de campos diferentes do conhecimento, é possível separar o velho e o novo no Direito. Em outras palavras, se não há segurança para apontar as características de uma teoria efetivamente pós-positivista e coerente com o que denomino de Constitucionalismo Contemporâneo — fórmula com a qual substituí o neoconstitucionalismo — há, entretanto, condições para que se possa dizer “o que não é” e “o que não serve” para a contemporânea teoria do direito, mormente em países com sistemas e ordenamentos jurídicos complexos.
De todo modo, vale a pena insistir nos pontos de convergência das teorias críticas e/ou que se pretendem pós-positivistas: diante dos fracassos do positivismo tradicional, a partir da busca da construção de uma autônoma razão teórica, as diversas posturas críticas buscaram, sob os mais diversos âmbitos, (re)introduzir os “valores” no Direito. Assim, por exemplo, diante de uma demanda por uma tutela que esteja relacionada com a vida, com a dignidade da pessoa, enfim, com a proteção dos direitos fundamentais, o que fazer? Qual é a tarefa do jurista?
Definitivamente, o novo constitucionalismo — seja qual for o seu (mais adequado) sentido — não trouxe a indiferença. Na verdade, houve uma pré-ocupação de ordem ético-filosófica: a de que o Direito deve se ocupar com a construção de uma sociedade justa e solidária. Em outras palavras, o desafio do Estado Constitucional (lato sensu) tem sido o seguinte: como fazer com que o Direito não fique indiferente às injustiças sociais? Como fazer com que a perspectiva moral de uma sociedade que aposte no Direito como o lugar da institucionalização do ideal da vida boa não venha pretender, em um segundo, “corrigir” a sua própria condição de possibilidade, que é o direito que sustenta o Estado Democrático?
Vejamos isso. O tão decantado “neoconstitucionalismo” deveria ser sinônimo de “novo paradigma”. Isto porque o Direito — do paradigma exsurgido no segundo pós-guerra — deixa de ser meramente regulador para assumir uma feição de transformação das relações sociais, circunstância que pode ser facilmente constatada a partir do exame dos textos constitucionais surgidos nesse período.
Com a desconfiança em relação ao legislativo (e às mutações produzidas pelas maiorias incontroláveis), passou-se a apostar em uma matriz de sentido dotada de garantias contra essas maiorias eventuais (ou não). Fazer democracia a partir do e pelo Direito parece que passou a ser o lema dos Estados Democráticos. Isso implicou – e continua a implicar – mudanças de compreensão: como olhar o novo com os olhos do novo?
Pois bem. Quais seriam os elementos caracterizadores desse fenômeno (que uma das vertentes denominou de “neoconstitucionalismo”)? Seria uma espécie de positivismo sofisticado? O “neoconstitucionalismo” teria características de continuidade e não de ruptura?
Não há suficiente clareza nas diversas teses acerca do significado do “neoconstitucionalismo”. De todo modo, vale lembrar que o neoconstitucionalismo tem sido teorizado sob os mais diferentes enfoques. Écio Oto, de forma percuciente, faz uma descrição das principais propriedades/características desse fenômeno.[2] Essa “planta” do neoconstitucionalismo também possui, de um modo ou de outro, a assinatura de autores como Susanna Pozzolo, Prieto Sanchís, Sastre Ariza, Paolo Comanducci, Ricardo Guastini, com variações próprias decorrentes das matrizes teóricas que cada um segue (no Brasil Luis Roberto Barroso, Daniel Sarmento, entre outros, com os quais mantenho, nesse particular, por sobejas razões, profundas — porém respeitosas — divergências). Analiso, aqui, a problemática a partir de dois pontos. Assim:
a) O neoconstitucionalismo (não) é “pós-positivista”O pós-positivismo deveria ser a principal característica do neoconstitucionalismo. Mas não é. Ou seja, o neoconstitucionalismo somente teria sentido como “paradigma do direito” se fosse compreendido como superador do positivismo ou dos diversos positivismos. Pós-positivismo não é uma continuidade do positivismo, assim como o neoconstitucionalismo não deveria ser uma continuidade do constitucionalismo liberal. Há uma efetiva descontinuidade de cunho paradigmático nessa fenomenologia, no interior da qual os elementos caracterizadores do positivismo são ultrapassados por uma nova concepção de direito. Bem, ao menos isso deveria ser assim.
Penso que o ponto fundamental é que o positivismo nunca se preocupou em responder ao problema central do Direito, por considerar a discricionariedade judicial como uma fatalidade. E isso é imperdoável. A razão prática — locus onde o positivismo coloca a discricionariedade — não poderia ser controlada pelos mecanismos teóricos da ciência do direito. A solução, portanto, era simples: deixemos de lado a razão prática (discricionariedade) e façamos apenas epistemologia (ou, quando esta não dá conta, deixe-se ao alvedrio do juiz — eis o ovo da serpente gestado desde a modernidade).
Este ponto é fundamental para que fique bem claro para onde as teorias do direito auto denominadas pós-positivistas (ou não positivistas, o que dá no mesmo) pretendem apontar sua artilharia: o enfrentamento do problema interpretativo, que é o elemento fundamental de toda experiência jurídica. Isto significa afirmar que, de algum modo, todas as teorias do Direito que se projetam nesta dimensão pós-positivista procuram responder a este ponto; procuram enfrentar o problema das vaguezas e ambiguidades dos textos jurídicos; procuram, enfim, enfrentar problemas próprios da chamada razão prática — que havia sido expulsa do território jurídico-epistemológico pelo positivismo.
Tenho que somente poder ser chamada de pós-positivista uma teoria do Direito que tenha, efetivamente, superado o positivismo, tanto na sua forma primitiva (exegético-conceitual), quanto na sua forma normativista-semântico-discricionária. A superação do positivismo implica enfrentamento do problema da discricionariedade judicial ou, também poderíamos falar, no enfrentamento do solipsismo da razão prática (veja-se a crítica que Habermas faz à razão prática eivada de solipsismo). Implica, também, assumir uma tese de descontinuidade com relação ao conceito de princípio. Ou seja, no pós-positivismo, os princípios não podem mais ser tratados no sentido dos velhos princípios gerais do direito e nem como cláusulas de abertura. Eis o desastre representado, por exemplo, pela LINDB (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro) em terrae brasilis. Que lástima foi a aprovação dessa lei.
b) Ponderações, subsunções e suas impossibilidades filosóficasPois bem. Se o pós-positivismo tem sido considerado como o principal elemento diferenciador/caracterizador do neoconstitucionalismo, a ponderação acabou por se transformar no grande problema e, por assim dizer, em um obstáculo ao próprio neoconstitucionalismo.
O que quero dizer é que o neoconstitucionalismo não pode(ria) e não deve(ria) depender de juízos de ponderação, mormente se percebermos que “ponderação” e “discricionariedade” são faces de uma mesma moeda. Afinal, no modo como a ponderação vem sendo convocada (e “aplicada”) em terrae brasilis, tudo está a indicar que não passa daquilo que Philipp Heck chamava, na Jurisprudência dos Interesses, de Abwägung, que quer dizer “sopesamento”, “balanceamento” ou “ponderação”. Com a diferença de que, naInteressenjurisprudenz, não havia a construção da “regra da ponderação” (claro que essa construção está em Alexy e não nas práticas brasileiras).
Ou seja, na medida em que, nas práticas dos tribunais (assim como na doutrina) de terrae brasilis as “colisões de princípios” são “solucionadas” a partir de uma ponderação “direta”, confrontando um princípio (ou valor ou interesse) com outro, está-se, na verdade, muito mais próximo da velha Interessenjurisprudenz, com fortes pitadas da Wertungsjurisprudenz(jurisprudência dos valores). E, assim, o neoconstitucionalismo acaba revelando traços que dão condições ao desenvolvimento do ativismo judicial,[3] que à diferença do fenômeno da judicialização da política (que ocorre de modo contingencial, isto é, na incompetência dos demais Poderes do Estado), apresenta-se como uma postura judicial para além dos limites estabelecidos constitucionalmente.
Neste contexto, não surpreende que, embora citada e recitada ad nauseam pela doutrina e pelos tribunais, não seja possível encontrar uma decisão sequer aplicando a regra da ponderação. Há milhares de decisões (e exemplos doutrinários) fazendo menção à ponderação, que, ao fim e ao cabo, é transformada em álibi retórico para o exercício dos mais variados modos de discricionarismos e axiologismos. Ou de argumentos meta-jurídicos.
De todo modo, podemos “dar de barato” que a falta de concretização das Constituições programáticas demandou uma reformulação na teoria dos princípios, representada pelo abandono do chamado critério fraco de diferenciação (que considera princípio e regra com a mesma estrutura lógica hipotético-condicional e com diferentes densidades semânticas) para a adoção do critério forte de distinção, onde os princípios assumiam estrutura lógica diferente daquela que identificava a regra. Isso colocou, infelizmente, os princípios sob o manto metodológico da ponderação (enquanto que a regra se mantinha na subsunção —sic!). Permitiu-se, assim, novas possibilidades para os princípios e não demorou muito para que estivéssemos falando em aplicação direta mediante ponderação controlada pela proporcionalidade (sic).
Mas o fato é que esse giro não conferiu ao princípio suficiência ôntica-semântica, além de ter mantido intacto o erro originário: o mundo prático foi jogado para “dentro” do sistema e, a partir dessa operação, foi pensado como tal (como sistema). Ou seja, o mundo prático que é concreto ou, na falta de uma melhor palavra, pragmático, paradoxalmente é retratado ao modo da abstratalidade própria da ideia de sistema. A percepção originária de que os princípios não possuíam densidade semântica conteve, bem ou mal, o avanço — ao menos no início — da “pamprincipiologia”, mas o equívoco no diagnóstico da crise fez com que os princípios elevassem o grau de discricionariedade, decisionismo e arbitrariedade. Facilmente perceptível, assim, o “fator Katchanga Real” que atravessou a aplicação dos princípios.
Em termos práticos (e no interior do pensamento alexiano), a distinção entre regras e princípios perde a função — ao menos no plano de uma teoria do direito calcada em paradigmas filosóficos —, uma vez que não há mais a distinção subsunção-ponderação. E não é assim porque eu quero. Isso é assim porque é impossível sustentar a subsunção no plano dos paradigmas filosóficos pós-giro linguístico. Ao mesmo tempo, isso faz com que a ponderação se transforme em um procedimento generalizado de aplicação do Direito. Desse modo, em todo e qualquer processo aplicativo, haveria a necessidade de uma “parada” para que se efetuasse a ponderação. Nem vou falar aqui da ponderação de regras, por total falta de sentido.
De todo modo, o problema principal da ponderação é a sua filiação ao esquema sujeito-objeto (ou das vulgatas voluntaristas da filosofia da consciência) e a sua dependência da discricionariedade, ratio final. Desse modo, se a discricionariedade é o elemento que sustenta o positivismo jurídico nos hard cases e nas vaguezas e ambiguidades dos textos jurídicos, não parece que a ponderação seja “o” mecanismo que arranque o Direito dos braços do positivismo. Pode até livrá-lo dos braços do positivismo primitivo, mas inexoravelmente o atira nos braços de outra forma de positivismo — axiologista, normativista ou pragmati(ci)sta. Veja-se: a teoria da argumentação, de onde surgiu a ponderação, não conseguiu fugir do velho problema engendrado pelo subjetivismo, a discricionariedade, circunstância que é reconhecida pelo próprio Alexy.[4]
Aliás, quem escolhe os princípios a serem sopesados? Numa palavra: dizer que a ponderação é um elemento caracterizador do neoconstitucionalismo está correto. Mas é exatamente por isso que, nos moldes em que situo o Constitucionalismo Contemporâneo, não há espaço para a ponderação. Em definitivo: a subsunção — admitida para os easy cases — não tem lugar no plano de um paradigma filosófico que ultrapassou o esquema sujeito-objeto. De todo modo, resta uma pergunta: e por que a regra de direito fundamental adscripta (resultado da ponderação) se transforma em uma subsunção de segundo grau ou uma “metassubsunção”?
Na perspectiva do Constitucionalismo Contemporâneo que defendo — portanto, para além das diferentes formas de positivismo —, a juridicidade não se dá nem subsuntivamente, nem dedutivamente. Ela se dá na applicatio, em que interpretar e aplicar não são atos possíveis de cisão. Isso implica afirmar — e superar — a distinção entre easy e hard cases. É sabido que, para as teorias da argumentação, os easy cases são solucionados pela via da subsunção, circunstância que, no limite — como que a repetir a tese de um objetivismo ingênuo — dispensa a mediação interpretativa. Permito-me repetir: isso não passa de um objetivismo ingênuo. Afinal, subsunção pressupõe esgotamento prévio das possibilidades de sentido de um texto e um automático acoplamento do fato. Ora, tal perspectiva implica um mergulho no esquema sujeito-objeto, portanto, aquém do giro linguístico-ontológico. A questão, entretanto, assume contornos mais complexos quando as teorias da argumentação (e falo nelas porque o neoconstitucionalismo nelas se sustenta), a partir dessa distinção estrutural easy-hard cases, sustentam que os princípios (somente) são chamados à colação para a resolução dos assim denominados hard cases. Mas, pergunto: um caso pode ser fácil ou difícil antes de “acontecer juridicamente”? Veja-se que, aparentemente, a distinção easy-hard cases não acarretaria maiores problemas no plano hermenêutico-aplicativo, não fosse o seguinte ponto: o de que é pela ponderação que se resolverão os hard cases.
Dito de outro modo, a admissão da cisão estrutural easy-hard cases passa a ser condição de possibilidade do ingresso da ponderação no plano da interpretação jurídica. Tudo isso para dizer que não podemos mais aceitar que, em pleno Estado Democrático de Direito, ainda se postule que a luz para a determinação do direito in concreto provenha do protagonista da sentença. Isso quer dizer que, para além da cisão estrutural entre easy e hard cases, não pode haver decisão judicial que não seja fundamentada e justificada em um todo coerente de princípios que repercutam a história institucional do direito. Por isso, a necessidade de superarmos os discricionarismos, que, no mais das vezes, descambam na arbitrariedade interpretativa. O modo como fazer isso procuro delinear em Verdade e Consenso[5] eJurisdição Constitucional e Decisão Jurídica[6] , para onde me permito remeter o leitor.
Esta coluna é produzida pelos membros do Conselho Editorial do Observatório da Jurisdição Constitucional (OJC), do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Acesse o portal do OJC (www.idp.edu.br/observatorio). 

[1] Cito, por todos, Écio Oto, que trabalha o neoconstitucionalismo como anti-positivismo. Nesse sentido, seu livro no prelo: Constitucionalismo Global ou Pluriversalismo Internacional? O neoconstitucionalismo na perspectiva da teoria e da filosofia políticas contemporâneas. Lumen Juris, 2014.
[2] Ver, para tanto: Oto, Écio e Pozzolo, Susanna. Neoconstitucionalismo e Positivismo jurídico: as faces da Teoria do Direito em tempos de interpretação moral da Constituição. Florianópolis, Conceito, 2012. Nessa obra conjunta, Écio Oto, na primeira parte, elenca onze características que vem sendo atribuídas ao neoconstitucionalismo. Todas elas são analisadas por mim no Posfácio da referida obra.
[3] Ativismo judicial tem a ver com teses que circulam por aí, tais como a de que decisão judicial é um ato político porque é um ato de escolha... Ora, isso Kelsen já dizia lá no capítulo oitavo de sua TPD. Mas esse era o seu lado decisionista. Ele nunca se preocupou com a decisão judicial. O resto da história todos conhecemos. Ou não.
[4] Alexy, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad. Luis Virgilio A. Silva. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 611.
[5] Streck, Lenio Luiz. Verdade e Consenso. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
[6] Streck, Lenio Luiz. Jurisdição constitucional e decisão jurídica. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.

Uma Europa que parece caminhar para um conflito armando ...

Entramos esse final de semana com especial atenção ao conflito na Ucrânia. O G7 anunciará sanções na segunda.

A violência aumenta e países como a Alemanha apresentam manifestações mais firmes em relação a Moscou.

A matéria do Le Monde é bem esclarecedora.


http://www.lemonde.fr/europe/article/2014/04/25/ukraine-le-ton-monte-entre-kiev-et-moscou_4407438_3214.html

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La Russie viole l'espace aérien de l'Ukraine, le G7 prend de nouvelles sanctions

Ces actions de Moscou interviennent alors que l'armée ukrainienne encercle la ville de Sloviansk, dans l'est du pays, sous contrôle des insurgés prorusses, qui détiennnent des observateurs européens.

Après quelques jours d'un apaisement précaire à la suite de la signature d'un accord censé mettre en place une « désescalade », la crise en Ukraine est redevenue une confrontation verbale entre Moscou et les Occidentaux, qui vont prendre de nouvelles sanctions, et quasi militaire entre l'armée ukrainienne et les milices prorusses.

  •  La Russie a violé l'espace aérien ukrainien « à plusieurs reprises »
Des avions russes sont entrés dans l'espace aérien de l'Ukraine « à plusieurs reprises » au cours des dernières vingt-quatre heures, a affirmé le colonel Steven Warren, un porte-parole du Pentagone, vendredi 25 avril. « Nous appelons les Russes à prendre immédiatement des mesures pour faire baisser la tension. »
Le colonel Warren n'a pas donné d'autres éléments précisant exactement où et quand ces incursions s'étaient produites. Moscou, qui a brandi cette semaine la menace d'une intervention militaire en Ukraine pour défendre ses intérêts et ceux de la population d'origine russe, a lancé des manœuvres impliquant notamment son aviation le long de la frontière ukrainienne. Pour le moment, la Russie nie cependant avoir des militaires ou des agents en territoire ukrainien. Washington a de son côté déployé 600 soldats en Pologne et dans les pays baltes.
Les troubles dans l'est de l'Ukraine.
  • Le G7 va prendre de nouvelles sanctions contre la Russie
Le G7, qui regroupe les pays les plus industrialisés, s'est engagé à imposer de nouvelles sanctions contre la Russie dans la crise ukrainienne, a annoncé un communiqué conjoint samedi 26 avril. « Nous avons maintenant convenu d'imposer rapidement des sanctions supplémentaires contre la Russie », affirme ce communiqué publié à Séoul. Un haut responsable américain a précisé qu'elles devraient intervenir lundi.
  • L'armée ukrainienne encercle Sloviansk
Les autorités de Kiev ont déclaré vendredi que l'armée allait tenter de bloquer les militants prorusses à l'intérieur de Sloviansk, ville de 100 000 habitants sous contrôle des insurgés, pour « ne pas laisser les renforts [prorusses] arriver » afin d'« éviter les victimes parmi les civils ».
Des blindés et des hélicoptères ukrainiens stationnent autour de la ville depuis jeudi. L'éventualité d'un assaut a encore fait monter la tension.
Des blindés et des hélicoptères ukrainiens stationnent autour de la ville depuis jeudi. L'éventualité d'un assaut a encore fait monter la tension.
Jeudi, le « maire populaire » de la ville, Viatcheslav Ponomarev, dont les conférences de presse débridées évoquent les sorties pleines de fougue du président tchétchène Ramzan Kadyrov, a annoncé être prêt à transformer la ville en un « nouveau Stalingrad ».
  • Des observateurs européens détenus par les prorusses
La place forte des prorusses est quadrillée par des hommes armés se revendiquant de toutes sortes d'organisations et qui peuvent arbitrairement faire descendre un automobiliste de son véhicule et le tenir à genoux sur la chaussée le temps d'une vérification.
Des hommes armés prorusses arrêtent les véhicules à l'entrée de Sloviansk, pour vérification.
Des séparatistes prorusses ont revendiqué, samedi, l'arrestation d'observateurs de l'OSCE[Organisation pour la sécurité et la coopération en Europe]. Vendredi, les autorités ukrainiennes et allemandes avaient déploré l'arrestation de plusieurs individus. « Ses inconnus ont arrêté à 11 h 40 locales un bus avec treize passagers dont sept représentants de l'OSCE, cinq militaires ukrainiens et le chauffeur », avait affirmé le ministère de l'intérieur ukrainien. La ministre de la défense allemande avait évoqué, pour sa part, « treize »personnes de l'OSCE arrêtées dont quatre Allemands.
Samedi, Denis Pouchiline, chef séparatiste, a accusé les individus arrêtés d'être « des espions de l'Otan », affirmant qu'ils « ne seront pas remis en liberté. Ils seront échangés contre [leurs] propres prisonniers ».
  • « La Russie veut lancer une troisième guerre mondiale »
Les responsables ukrainiens comme russes ont continué, vendredi, les déclarations souvent belliqueuses, parfois alarmistes, telle celle du premier ministre ukrainien, Arseni Iatseniouk, qui accuse la Russie :
« Les tentatives d'agression de l'armée russe sur le territoire de l'Ukraine mèneront à un conflit sur le territoire de l'Europe. Le monde n'a pas oublié la seconde guerre mondiale, et la Russie veut lancer une troisième guerre mondialeLe soutien de la Russie aux terroristes en Ukraine constitue un crime international, et nous appelons la communauté internationale à s'unir contre l'agression russe. »
Le ministre des affaires étrangères russe, Sergueï Lavrov, a répondu en reformulant des accusations maintes fois répétées, à savoir que les Etats-Unis soutiennent les manœuvres ukrainiennes et que le ton de son homologue américain, John Kerry, est « inacceptable ».Washington consultera les principaux dirigeants européens dans la journée au sujet de possibles nouvelles sanctions.
« J'ai parlé ce matin avec le président russe, et j'ai clairement dit que d'un côté, l'Ukraine avait accompli un certain nombre de gestes afin d'appliquer l'accord de Genève, mais que de l'autre, la reconnaissance par la Russie de cet accord faisait défaut, ce qui a naturellement un impact sur les séparatistes en Ukraine », a déclaré la chancelière allemande, Angela Merkel.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

MPEduc no Tocantins ...

Iniciam as atividades do projeto do MPF, MPEduc, em parceria com o MPE, nesta segunda-feira com a primeira audiência pública.
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Audiências públicas discutirão a qualidade da educação básica em Tocantínia

Flávio Herculano

O Ministério Público Federal no Tocantins (MPF) e o Ministério Público Estadual (MPE), executores do projeto Ministério Público pela Educação (MPEduc), realizarão uma série de audiências públicas no município de Tocantínia, entre 28 de abril e 6 de maio, para ouvir a comunidade e o poder público sobre as demandas locais na área da educação básica.

A primeira audiência será realizada na Câmara Municipal de Tocantínia, no próximo dia 28, às 8h, evento para o qual está sendo convidada toda a comunidade. As demais audiências serão setorizadas e acontecerão em escolas indígenas: no dia 29, na aldeia Brejo Comprido, e no dia 30 na aldeia Salto. Já em maio, acontecerão na aldeia Brupré, no dia 5, e no Centro de Ensino Médio Indígena Xerente (Cemix), no dia 6.

A intenção da audiências públicas é subsidiar um diagnóstico sobre o quadro da educação básica no município, a partir do relato dos moradores e dos gestores estaduais e municipais. Esse diagnóstico irá auxiliar o MPF e MPE em possíveis ações que visem resguardar o direito à educação de qualidade.

Além das audiências, o diagnóstico será baseado também em visitas às escolas e na análise de questionários a serem preenchidos no site mpeduc.mpf.mp.br, por gestores do município e do estado, diretores das escolas e presidentes do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) e do Conselho de Acompanhamento do Fundeb (CACS-Fundeb). Os relatórios abordam aspectos estruturais e pedagógicos, a alimentação escolar, a inclusão, as políticas públicas da educação e o funcionamento dos Conselhos de Controle Social.
Visitas
Paralelamente às audiências, serão visitadas pelo Procurador da República Fábio Loula e pelo Promotor de Justiça da Comarca de Tocantínia, João Edson de Souza, as escolas Centro Educacional Fé e Alegria Frei Antônio, Colégio Estadual Batista Professora Beatriz Rodrigues da Silva, Escola Municipal de Tempo Integral Antônio Bem-vindo da Luz e Escola Municipal de Educação Infantil Tereza Hilário Ribeiro.
Projeto
O MPEduc será desenvolvido em todas as unidades federativas. No Tocantins, foi implementado inicialmente em Tocantínia devidos aos baixos resultados do município no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
A execução do projeto se deu a partir da instauração do inquérito civil nº 1.36.000.000259/2014-56, em 10 de março de 2014, realizada por meio de parceria entre o MPF e a Promotoria de Justiça do município.
A primeira audiência pública ocorrerá no Dia Internacional da Educação, data em que haverá mobilização em todos os estados referente à execução do projeto MPEduc.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A América Latina que sufoca a democracia.

O mal exemplo que merece atenção; aqui não!

No equador a imprensa sobre com a intervenção do governo ... foi Chaves, mas a opressão escancarada aos meios de comunicação continuam, seja na Argentina ....

Matéria do El Pais.

http://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/23/internacional/1398268922_530179.html

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O órgão que vigia jornalistas e a imprensa no Equador aplica a mão de ferro

Correa e o jornalista encarregado de vigiar seus colegas. / Presidência

O jornalista Carlos Ochoa acaba de cumprir seis meses como o titular da mais nova Superintendência da Informação e Comunicação, criada para executar a Lei da Comunicação. Este jornalista foi eleito em outubro passado para uma terna proposto pelo presidente Rafael Correa e deixou os estúdios de televisão para se converter em um juiz dos meios de comunicação e de seus colegas. Sua designação foi polêmica por seu apego ao Governo pois ele estava dirigindo o noticiário em um dos canais de televisão apreendidos pelo Estado e antes esteve no canal público.

Sua rejeição aos meios de comunicação privada era notória, nas colunas de opinião que escrevia para o diário próximo ao Governo PP El Verdadero, Ochoa se referia à imprensa privada com qualificativos como: dependentes do poder, representantes ou defensores de um sistema excludente e gerador de miséria, divulgadores do desastre e miseráveis.

Aquela parcialidade ficou em evidência durante o pouco tempo que leva em frente à Superintendência da Informação e Comunicação. As multas que impôs, e que se tornaram públicas graças aos demandados, afetaram somente os jornalistas dos meios privados e as primeiras multas recaíram nos diários El Universo e Extra, condenados a pagar 10% de seu faturamento trimestral. O primeiro foi sancionado por não ter dado informação verídica e contrastada em uma caricatura, e o segundo por se negar a retificar alguns títulos tachados de mórbidos.

O último caso que passou pelo tribunal de Ochoa foi a encomenda de sancionar o jornalista veterano Diego Oquendo (açoitado constantemente pelo presidente Rafael Correa), por supostamente ter instigado o linchamento midiático de novo a uma ex-ministra da Educação, que foi desprestigiada nos anos noventa por copiar sua tese de doutorado. No fim, este caso não foi para frente, mas analistas da comunicação como César Ricaurte, diretor da ONG Fundameios, opina foi que "uma chamada de atenção".
Os meios de comunicação do Estado não receberam nenhuma multa, ou ao menos não se conheceu publicamente. A única queixa contra os meios do oficialismo que surgiu foi descartada em poucos dias. A denunciante foi a ativista política de centro-esquerda Martha Roldós que reclamou por ter sofrido linchamento midiático por parte do jornal público El Telégrafo e o consenso de meios governistas que durante dez dias replicaram como notícia sua iniciativa de buscar financiamento nos Estados Unidos para criar uma agência de notícias. "Fizeram uma interpretação novelesca de meus e-mails, que além disso foram hackeados, e iniciaram um linchamento midiático, não foi uma menção, foi o diário El Telégrafo, mais a Agência Andes, mais a rádio pública e até teve um especial de três partes nos canais apreendidos pelo Estado, em horário nobre, todos refletiam essa visão delirante e paranoica de que um pequeno projeto realizado por cidadãos equatorianos pretendia desestabilizar os governos progressistas da região e isso fez eco até nas sabatinas (prestação de contas semanal de Rafael Correa)", conta Roldós.
A denúncia de Roldós foi arquivada com o único argumento de que não havia anexado a cópia do documento de identidade da demandante. "Isto é um tecnicismo, podiam ter me comunicado que faltava isto para completar a denúncia que apresentei pessoalmente, mas nada, nem sequer nos comunicaram do arquivo da queixa, eu me inteirei por uma jornalista, por isso digo que eu mesma comprovei que a Lei de Comunicação é inconstitucional e também discricional em sua aplicação", diz a afetada.
A Superintendência da Informação e da Comunicação se negou a dar detalhes dos processos que conheceu nestes seis meses. Em seu site só publicou dados gerais sobre a quase centena de denúncias que recebeu até março passado. No boletim aponta que 36% das reclamações têm relação com encomendas de retificação de notícias difundidas pelos meios de comunicação e que a maioria das queixas envolve meios audiovisuais (42%), seguido em um menor percentual por meios impressos (33%), rádios (20%) e digitais (5%). Dessas denúncias, foram resolvidas 77; 14 contam com resolução sancionatória, três foram arquivadas e outras 60 não terminaram o trâmite por desistência de uma das partes, falta de documentação, entre outras razões.
Este jornal, particularmente, fez um pedido para entrevistar Carlos Ochoa em fevereiro e nesta semana recebeu um e-mail para dizer quais eram os temas que seriam tratados durante o encontro e a desculpa foi que o departamento de Coordenação Geral de Imagem e Comunicação da Superintendência está em processo de formação. A ONG Fundameios apelou à Lei de Transparência e Acesso à Informação Pública para obter mais detalhes dos processos, mas já recebeu duas negativas porque não foi explicado para que se usará essa informação. Para seu diretor, César Ricaurte, há "uma vontade deliberada de ocultar os processos de julgamento dos meios de comunicação, isso deveria ser público, não há nenhum artigo na Lei que diga que isso é informação particular".
Ricaurte também fala da implementação da censura prévia. "A Lei se converteu em uma ferramenta para castigar linhas editoriais e para amedrontar os jornalistas críticos ao Governo", assinala. "Se alguém acha que é um castigo contra o diário El Universo o que lhe dizem é que se você não forem censuradas as caricaturas, os conteúdos, inclusive de seus editorialistas, você pode ser castigado. Isso é censura prévia".
A Fundameios tem informações de que já existem advogados trabalhando ombro a ombro com os jornalistas nas redações. "Os advogados revisam as páginas, as notas, para buscar uma situação de risco que poderia conduzir à abertura de um processo contra o veículo e a nota é descartada ou refeita, alguns meios adotaram esta prática e é natural, os meios não querem ser submetidos a processos que conduzam a multas milionárias", diz Ricaurte
Vicente Ordoñez, presidente da União Nacional de Jornalistas, considera que com tantas restrições, ao final, quem perde é a sociedade. "Esta instituição (a Superintendência da Informação e da Comunicação) converteu-se em uma espécie de delegacia que vigia o trabalho de jornalistas e os meios de comunicação e se denota uma clara intenção de dar medo nos veículos e jornalistas e isso afeta a fluidez da informação".
O caricaturista Xavier Bonilla (Bonil), que teve que retificar uma de suas caricaturas, pela qual o El Universo teve que pagar em torno de 90.000 dólares (201.000 reais), diz que teve suficientes indícios de que a Superintendência se faz "eco das ações de revanchismo do regime" e lhe preocupa que este organismo siga trabalhando à margem da demanda de inconstitucional que se propõe na contramão da Lei da Comunicação há sete meses na Corte Constitucional.
A legitimidade da Superintendência da Informação também está em dúvida porque sua criação não foi discutida na Assembleia Nacional. A criação deste organismo simplesmente apareceu da noite para o dia dentro desse conjunto de artigos da Lei de Comunicação que não foram debatidos pelos legisladores.

Para o pesquisador Christian Oquendo, que elaborou um relatório sobre o gerenciamento de Ochoa, é muito difícil para a Academia justificar as ações da Superintendência da Informação e da Comunicação tomando em conta parâmetros éticos, deontológicos ou inclusive teorias da comunicação. "Organizou-se uma sorte de variáveis que opera a nível institucional, judicial e midiático para calar e limitar as opiniões dos críticos e opositores ao Governo", conclui, por escrito.gão que vigia jornalistas e a imprensa no Equador aplica a mão de ferro

Correa e o jornalista encarregado de vigiar seus colegas. / Presidência
O jornalista Carlos Ochoa acaba de cumprir seis meses como o titular da mais nova Superintendência da Informação e Comunicação, criada para executar a Lei da Comunicação. Este jornalista foi eleito em outubro passado para uma terna proposto pelo presidente Rafael Correa e deixou os estúdios de televisão para se converter em um juiz dos meios de comunicação e de seus colegas. Sua designação foi polêmica por seu apego ao Governo pois ele estava dirigindo o noticiário em um dos canais de televisão apreendidos pelo Estado e antes esteve no canal público.
Sua rejeição aos meios de comunicação privada era notória, nas colunas de opinião que escrevia para o diário próximo ao Governo PP El Verdadero, Ochoa se referia à imprensa privada com qualificativos como: dependentes do poder, representantes ou defensores de um sistema excludente e gerador de miséria, divulgadores do desastre e miseráveis.
Aquela parcialidade ficou em evidência durante o pouco tempo que leva em frente à Superintendência da Informação e Comunicação. As multas que impôs, e que se tornaram públicas graças aos demandados, afetaram somente os jornalistas dos meios privados e as primeiras multas recaíram nos diários El Universo e Extra, condenados a pagar 10% de seu faturamento trimestral. O primeiro foi sancionado por não ter dado informação verídica e contrastada em uma caricatura, e o segundo por se negar a retificar alguns títulos tachados de mórbidos.
O último caso que passou pelo tribunal de Ochoa foi a encomenda de sancionar o jornalista veterano Diego Oquendo (açoitado constantemente pelo presidente Rafael Correa), por supostamente ter instigado o linchamento midiático de novo a uma ex-ministra da Educação, que foi desprestigiada nos anos noventa por copiar sua tese de doutorado. No fim, este caso não foi para frente, mas analistas da comunicação como César Ricaurte, diretor da ONG Fundameios, opina foi que "uma chamada de atenção".
Os meios de comunicação do Estado não receberam nenhuma multa, ou ao menos não se conheceu publicamente. A única queixa contra os meios do oficialismo que surgiu foi descartada em poucos dias. A denunciante foi a ativista política de centro-esquerda Martha Roldós que reclamou por ter sofrido linchamento midiático por parte do jornal público El Telégrafo e o consenso de meios governistas que durante dez dias replicaram como notícia sua iniciativa de buscar financiamento nos Estados Unidos para criar uma agência de notícias. "Fizeram uma interpretação novelesca de meus e-mails, que além disso foram hackeados, e iniciaram um linchamento midiático, não foi uma menção, foi o diário El Telégrafo, mais a Agência Andes, mais a rádio pública e até teve um especial de três partes nos canais apreendidos pelo Estado, em horário nobre, todos refletiam essa visão delirante e paranoica de que um pequeno projeto realizado por cidadãos equatorianos pretendia desestabilizar os governos progressistas da região e isso fez eco até nas sabatinas (prestação de contas semanal de Rafael Correa)", conta Roldós.
A denúncia de Roldós foi arquivada com o único argumento de que não havia anexado a cópia do documento de identidade da demandante. "Isto é um tecnicismo, podiam ter me comunicado que faltava isto para completar a denúncia que apresentei pessoalmente, mas nada, nem sequer nos comunicaram do arquivo da queixa, eu me inteirei por uma jornalista, por isso digo que eu mesma comprovei que a Lei de Comunicação é inconstitucional e também discricional em sua aplicação", diz a afetada.
A Superintendência da Informação e da Comunicação se negou a dar detalhes dos processos que conheceu nestes seis meses. Em seu site só publicou dados gerais sobre a quase centena de denúncias que recebeu até março passado. No boletim aponta que 36% das reclamações têm relação com encomendas de retificação de notícias difundidas pelos meios de comunicação e que a maioria das queixas envolve meios audiovisuais (42%), seguido em um menor percentual por meios impressos (33%), rádios (20%) e digitais (5%). Dessas denúncias, foram resolvidas 77; 14 contam com resolução sancionatória, três foram arquivadas e outras 60 não terminaram o trâmite por desistência de uma das partes, falta de documentação, entre outras razões.
Este jornal, particularmente, fez um pedido para entrevistar Carlos Ochoa em fevereiro e nesta semana recebeu um e-mail para dizer quais eram os temas que seriam tratados durante o encontro e a desculpa foi que o departamento de Coordenação Geral de Imagem e Comunicação da Superintendência está em processo de formação. A ONG Fundameios apelou à Lei de Transparência e Acesso à Informação Pública para obter mais detalhes dos processos, mas já recebeu duas negativas porque não foi explicado para que se usará essa informação. Para seu diretor, César Ricaurte, há "uma vontade deliberada de ocultar os processos de julgamento dos meios de comunicação, isso deveria ser público, não há nenhum artigo na Lei que diga que isso é informação particular".
Ricaurte também fala da implementação da censura prévia. "A Lei se converteu em uma ferramenta para castigar linhas editoriais e para amedrontar os jornalistas críticos ao Governo", assinala. "Se alguém acha que é um castigo contra o diário El Universo o que lhe dizem é que se você não forem censuradas as caricaturas, os conteúdos, inclusive de seus editorialistas, você pode ser castigado. Isso é censura prévia".
A Fundameios tem informações de que já existem advogados trabalhando ombro a ombro com os jornalistas nas redações. "Os advogados revisam as páginas, as notas, para buscar uma situação de risco que poderia conduzir à abertura de um processo contra o veículo e a nota é descartada ou refeita, alguns meios adotaram esta prática e é natural, os meios não querem ser submetidos a processos que conduzam a multas milionárias", diz Ricaurte
Vicente Ordoñez, presidente da União Nacional de Jornalistas, considera que com tantas restrições, ao final, quem perde é a sociedade. "Esta instituição (a Superintendência da Informação e da Comunicação) converteu-se em uma espécie de delegacia que vigia o trabalho de jornalistas e os meios de comunicação e se denota uma clara intenção de dar medo nos veículos e jornalistas e isso afeta a fluidez da informação".
O caricaturista Xavier Bonilla (Bonil), que teve que retificar uma de suas caricaturas, pela qual o El Universo teve que pagar em torno de 90.000 dólares (201.000 reais), diz que teve suficientes indícios de que a Superintendência se faz "eco das ações de revanchismo do regime" e lhe preocupa que este organismo siga trabalhando à margem da demanda de inconstitucional que se propõe na contramão da Lei da Comunicação há sete meses na Corte Constitucional.
A legitimidade da Superintendência da Informação também está em dúvida porque sua criação não foi discutida na Assembleia Nacional. A criação deste organismo simplesmente apareceu da noite para o dia dentro desse conjunto de artigos da Lei de Comunicação que não foram debatidos pelos legisladores.
Para o pesquisador Christian Oquendo, que elaborou um relatório sobre o gerenciamento de Ochoa, é muito difícil para a Academia justificar as ações da Superintendência da Informação e da Comunicação tomando em conta parâmetros éticos, deontológicos ou inclusive teorias da comunicação. "Organizou-se uma sorte de variáveis que opera a nível institucional, judicial e midiático para calar e limitar as opiniões dos críticos e opositores ao Governo", conclui, por escrito.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Nossa realidade estampada na imprensa internacional.

Essa matéria do Le Monde mostra bem as notícias que nossa pais produz. No dia do descobrimento o confronto ocorre na praia mais famosa do Brasil

Resultado de anos de políticas públicas ridículas; agora as vésperas da Copa o desespero esbarra na incompetência. É o bandido contra o cidadão, a polícia contra o cidadão.

Não,tenho dúvida que, com a maior parte dos brasileiros impedidos de assistir a sua própria Copa de dentro dos estádios, pois hoteis, ingresso e passagens aéreas com preços absurdos, o povo estará na rua novamente ... uma pena, mas a realidade está ai ...

http://www.lemonde.fr/ameriques/article/2014/04/23/bresil-emeutes-a-rio-de-janeiro_4405521_3222.html
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Brésil : émeutes à Rio de Janeiro

Un danseur de la favela Pavao-Pavaozinho aurait été tué par les forces de l'ordre après avoir été confondu avec un trafiquant de drogue, selon la police citée par les médias brésiliens.

Pneus brûlés pour faire des barricades, coups de feu et casse : de violentes émeutes ont éclaté dans la soirée du mardi 22 avril dans une favela du quartier touristique de Copacabana, dont deux grandes avenues et un tunnel ont été fermées à la circulation.

Un danseur de la favela Pavao-Pavaozinho, Douglas Rafael da Silva Pereira, 25 ans, aurait été tué par les forces de l'ordre après avoir été confondu avec un trafiquant de drogue, selon la police citée par les médias brésiliens. Ses amis affirment qu'il a été battu à mort par la police alors qu'il s'était réfugié dans une école de la favela qui bénéficait d'une Unité depolice pacificatrice (UPP) depuis décembre 2009 en vue de la sécurisation de la ville pour laCoupe du monde (12 juin-13 juillet).
« Les circonstances de la mort de Douglas font l'objet d'une enquête. Le rapport fait sur place indique que les blessures de Douglas sont compatibles avec une mort occasionnée par une chute. Témoins et habitants seront convoqués pour témoigner », a de son côté indiqué la police dans un bref communiqué.
« ON EST BLOQUÉS CHEZ NOUS »
« Cela a commencé vers 17h30 [22h30 à Paris]. Il y a de la fumée partout, des tirs dans la rue et des personnes courent pour rentrer chez elles. De nombreux camions du BOPE [police d'élite] viennent de monter dans la favela [de Pavao-Pavaozinho]. On est bloqués chez nous, on ne peut pas sortir », a déclaré à l'AFP Etienne, un étudiant français installé à Rio, qui habite dans la rue Saint Roman, rue qui monte à la favela.
Des hélicoptères survolaient la zone où un trafiquant surnommé « Pitbull » était recherché.
Jasper, étudiant néerlandais qui habite également dans la rue Saint Roman, a également témoigné à l'AFP : « J'ai essayé de rentrer chez moi en taxi par Ipanema, mais le taxi n'a pas voulu aller jusqu'au bout et a fait demi-tour. Là, en redescendant, on a vu des groupes de personnes portant des armes, peut-être des policiers en civil. »
L'électricité était coupée dans toute la favela, selon un autre témoignage, et la rue Saint Roman était toujours bloquée par les forces de l'ordre à 19h30 locales (0h30 à Paris).

Excesso de proteção ao patrimônio privado na legislação penal ....

É chegada a hora de analisar a validade das normas penais que tutelam o patrimônio em nosso código penal.

É razoável e até aceitável a persecução penal obrigatória nesses casos. E quando o próprio lesado não tem interesse na ação penal, o estado ainda assim pode buscar a punição?

A matéria da Conjur analisa um trabalho muito importante que está sendo desenvolvido.

Obrigatoriedade da ação penal atrasa decisões relevantes

A demora nas decisões judiciais e a quantidade de ações esperando soluções têm ocupado as discussões sobre o Judiciário brasileiro. Nesse cenário, os julgamentos de pequenos furtos, além de abarrotarem a Justiça, comprometem o julgamento de ações por crimes graves como roubos, homicídios e estupros. Pela demora, muitos ficam impunes. Os pequenos furtos — com valor inferior a um salário mínimo — são os responsáveis por mais de 60% das prisões do país.
Esse número é consequência do sistema penal brasileiro que adota a obrigatoriedade da ação penal e também a ação penal incondicionada para pequenos furtos. A afirmação é do promotor de Justiça em Minas Gerais, André Luis Alves de Melo. Segundo ele, o Brasil erra ao focar suas discussões apenas na execução penal, gerando um mercado de trabalho na fase processual e beneficia até mesmo a defesa. "Ou seja, o governo quer fazer 'triagem' de prioridades prisionais depois de [ter] todo o gasto com o processo". Ele defende que o melhor seria fazer essa triagem no começo. 
Segundo o promotor, no Brasil, os réus são presos provisoriamente para depois aplicar condenação em pena alternativa ou regime aberto domiciliar, o que é paradoxal. Em um comparativo com países Europeus, a quantidade de presos reduziram muito, mesmo sem assistência jurídica, “o que reforça os indícios de que não adianta focar apenas nos interesses da defesa, como vem ocorrendo no Brasil”, afirma o promotor. Ele defende que é necessário que o Ministério Público possa ter autonomia para evitar o foco da polícia apenas em delitos menos graves que são mais fáceis de apurar, sob pena de se tornar um "despachante judicial" das prioridades da Polícia e Executivo.
O procurador de Justiça no Rio Grande do Sul Lenio Streck concorda que a ação penal não deve ser obrigatória. Segundo ele, a ação penal pública incondicionada para crimes contra a propriedade é uma algo muito "arcaico", do tempo em que o Código Penal foi feito — "e feito para proteger mais a propriedade do que a vida. Não é à toa que o crime mais grave do código é contra a propriedade", afirmou. 

Critério de prioridade

O promotor André Melo e o especialista em Direito Constitucional Vidal Serrano Nunes Júnior estão preparando um estudo que mostra que países da Europa já fazem um critério de prioridade antes do início ação penal, ao contrário do Brasil, que quer fazer ao final do processo penal, na fase de execução penal. “Ou seja, rigor no processo (mercado de trabalho), mas flexibilização na execução penal, ainda que contra a lei”, aponta a pesquisa.
O promotor afirma que na Europa os pequenos furtos são ação penal condicionada à representação da vítima, ou seja, esta passa a avaliar também a insignificância. “O Brasil ainda é um dos poucos países que adota a obrigatoriedade da ação penal e também a ação penal incondicionada para pequenos furtos”, afirmou.
Na Espanha, por exemplo, apenas há prisão para crime de furto se for subtraído objeto com valor acima de 400 euros (aproximadamente R$ 1,3 mil ou dois salários mínimos), exceto na hipótese do artigo 623, I, do Código Penal —  quando há o cometimento da conduta por três vezes e os furtos, somados, ultrapassam o valor de 400 euros.
Nos demais casos prevalecem a pena alternativa conhecida como “prisão de final de semana”, a qual não é tecnicamente considerada como prisão, mas pena alternativa.
Já na Itália, há necessidade da representação da vítima, para furtos simples de pequenos valores e outras situações. A França não adota o regime de ação penal condicionada à representação, pois prevalece o princípio da oportunidade da ação penal, mesmo se de iniciativa pública. Desde o ano de 1998, os promotores têm que fundamentar os arquivamentos e a partir do ano de 2004 a lei criou um recurso por parte da vítima, a qual pode discordar do arquivamento e apresentar recurso ao Procurador Chefe.
A conclusão de Melo e Nunes Júnior é que todos os países estão abandonando a obrigatoriedade da ação penal ou transformando os furtos em ação penal condicionada à representação da vítima, mas “no Brasil ainda não se discute estes temas de forma efetiva e atua apenas na fase prisional, depois da fase processual, e isto pode decorrer de forte lobby para manutenção de reserva de mercado de trabalho tanto na prestação de serviços jurídicos, como de produtos na fase prisional (marmitas, uniformes, construção de prédios e outros fatores)”.
O promotor sugere que alterações no artigo 155 e 157 do Código Penal serviriam para combater os crimes mais graves como roubos, homicídios, estupros e outros, que estão ficando impunes em razão da pauta lotada de pequenos furtos cometidos por pessoas presas em flagrante pela Polícia Militar.

domingo, 20 de abril de 2014

As questões relacionadas ao gênero repercutem desde muito cedo, desde a escola ...

Países como a França, com muitos imigrantes, enfrenta grandes desafios nesse campo, além daquela que lhe são comuns.

Artigo do Le Monde:

http://www.lemonde.fr/societe/article/2014/04/21/les-musulmans-toujours-vigilants-sur-la-theorie-du-genre_4404529_3224.html

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Les musulmans toujours vigilants sur la « théorie du genre »

L'Union des organisations islamiques de France (UOIF) tient son 31e congrès annuel, du 19 au 21 avril. Ses représentants jouent la carte de l'apaisement après les polémiques sur l'enseignement du « genre » à l'école.
C'est une rumeur qui a laissé des traces. La « théorie du genre » enseignée à l'école ? Lancée en début d'année, elle suscite toujours l’'inquiétude et la vigilance des musulmans pratiquants, même si leurs représentants jouent aujourd'hui la carte de l'apaisement. La question est inévitablement au programme de la 31e rencontre annuelle de l'Union des organisations islamiques de France (UOIF), du samedi 19 au lundi 21 avril au parc des expositions du Bourget (Seine-Saint-Denis), dont le thème est « l’'homme, la famille, le vivre-ensemble ». 

Le matin où le collectif « Journée du retrait de l’'école » (JRE) a appelé les familles du quartier à garder les enfants à la maison, la fille de Khoumissa était à l'’hôpital. « La question ne s'’est pas posée pour moi, raconte cette mère de famille vivant à Clamart (Hauts-de-Seine), mais sur le principe, c'’est sûr, je suis contre la théorie du genre. » Couverte d’'un foulard blanc et vêtue d'’une longue robe verte, elle redoute que l’'on fasse croire aux enfants qu'’ils pourront « choisir d’'être une fille ou un garçon ». « Franchement, l'’école n’a pas des choses plus importantes à leur apprendre ? »

Hassan, père de six enfants, dont trois en primaire, estime aussi que ce n’'est pas le rôle de l’'école d’'aborder « les questions sexuelles » avec ses élèves. Comme beaucoup d’'autres parents de Villepinte (Seine-Saint-Denis), « et pas seulement les musulmans », il a retiré ses enfants de l’'école quand le collectif a organisé ces journées –– trois depuis le début de l'année. « J’ai voté Hollande en 2012, mais je suis complètement écœœuré par la gauche sur les questions de la famille, explique-t-il avec agitation. On est désemparé face à toutes ces choses qu’on nous impose sans nous consulter ! »
INQUIETS ET VIGILANTS
De leur côté, les institutions ont choisi de croire l’'ancien ministre de l’'éducation nationale, Vincent Peillon, qui a assuré fin janvier qu'’il ne s’agissait que de rumeurs. « Même si c'’était une rumeur, mais il n’'y a pas de fumée sans feu, se méfie le président de l’'UOIF, Amar Lasfar.J’'ai cru le ministre Peillon, mais je reste vigilant. » Il ajoute, le ton grave : « Aujourd’hui, nous sommes inquiets, ce sujet de la famille nous a secoués. Cette théorie du genre, même si je ne la vois pas encore, je ne lui souhaite pas la bienvenue. »
Pour autant, pour Amar Lasfar, pas question de demander aux enfants de quitter l’'école, « ne serait-ce qu’'une heure ». L'’UOIF condamne fermement les méthodes prônées par les « Journées de retrait de l’'école ». Farida Belghoul, qui les a lancées, n'’a d'’ailleurs pas été invitée à la rencontre annuelle du Bourget. « Ce que nous voulons, explique Amar Lasfar, c’'est que les enfants aiment l’'école, pas qu’'ils la boycottent ! »
En choisissant le thème de la famille pour la rencontre de cette année, l’'UOIF espère apaiserles tensions et susciter « un vrai débat » dans la communauté musulmane. Les conférences et tables rondes ont porté sur la famille musulmane, les défis du couple ou encore l’'égalité homme-femme. Au cœœur du salon, un vaste « espace famille » proposait des consultations gratuites avec des avocats ou des psychologues sur toutes ces questions.
« INSTRUMENTALISÉS »
Parmi les centaines d’'associations présentes, la Ligue française des femmes musulmanes. Sa présidente, Hela Khomsi, tient à être claire : « A la tête d’'une association qui défend les intérêts de la femme, je suis pour l’'égalité homme-femme ! Ce qui m'’a inquiété, avec les ABCD de l’'égalité, c’'est que l’'on mêle les enfants à tout ça. Ce n’'est pas leur combat. » Les musulmans qui ont retiré leurs enfants de l’'école ont, selon elle, été instrumentalisés :« Certains musulmans ont peur pour leurs enfants, c'’est ce qu'’ils ont de plus cher. Il y a des gens qui ont voulu jouer sur cette peur. »
Mais Hela Khomsi refuse de « crier au loup ». Pour elle, de toute façon, il se joue dans les écoles des choses plus importantes que la théorie du genre. « Ce qu'’on enseigne à nos enfants aujourd'’hui, c'’est l’'athéisme, le darwinisme. »
Certaines mères de famille n’'ont pas pris peur avec les JRE. Parmi elles, il y a Aïcha, convaincue que si l’'un de ses quatre enfants entend quelque chose qui l'’interpelle, il viendra lui en parler« Il faut habituer les enfants à entendre des discours différents. Cette société est une richesse pour nous, on ne veut pas vivre en retrait ! »
Même discours chez Nadia, qui tient par la main son fils de huit ans, Amine. « Quand ma voisine m’'a appelée pour que je retire mon fils de l'’école, je lui ai dit : "Redescends sur terre, la sexualité il va l'’apprendre, de toute façon ! Si ce n’'est pas à l'’école, ce sera par la télé ou Internet". »
ECOLES PRIVÉES
Au Bourget, ce week-end, plusieurs stands étaient consacrés aux écoles privées musulmanes. Encore peu nombreuses sur le territoire français, elles assurent offrir aux parents « un meilleur encadrement » que dans le public. C'’est ce qu’'estime Souad, qui enseigne la langue arabe à l’'école Education et savoir de Vitry-sur-Seine (Val-de-Marne).« Mon fils de 12 ans est scolarisé dans un collège public. La dernière fois, pour lutter contre l’'exclusion, on leur a passé un film sur l’'homosexualité. Pourquoi cette bousculade ? Laissons-leur le temps de découvrir ces choses-là ! »
Maria, une jeune fille voilée de 16 ans, garde un œœil sur son petit frère qui joue auprès d'’elle. Au lycée, elle « entend parler des homosexuels toute la journée ». Sa petite sœœur aussi, dans son école primaire. Leur mère a décidé que la fillette de 10 ans suivrait désormais des cours par correspondance.
Mélinée Le Priol